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Publicado em

24/04/2025

Criatividade impulsiona a cultura: conheça iniciativas que incentivam a mobilização nos territórios

Plataformas on-line são aliadas na disseminação de ações, projetos, propostas, certificados, mapas, acervos, cursos e formações na área cultural.

Por Maria Victória Oliveira

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Músicos entoam ritmos tradicionais, unindo vozes e tambores em uma celebração cheia de energia. Cananéia (SP), 2024. Foto: Mauricio Velloso

Quem nunca se deparou com um bom filme, uma letra de música que faz arrepiar, um livro que emociona ou uma apresentação cultural que resgata a fé na humanidade? Em comum, todas essas manifestações culturais e intelectuais são centradas na criatividade humana.

Com mais de 212 milhões de habitantes, estimados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2024, não é difícil imaginar que todas essas pessoas – únicas em suas experiências – pensam, criam, consomem e vivem de formas diversas, tornando o potencial criativo algo praticamente infinito.

Entretanto, alcançar, conhecer, preservar e proteger toda essa criatividade e conhecimento cultural de uma população espalhada por 5.570 municípios ainda representa uma tarefa desafiadora.

Para responder a essa missão e, assim, chegar a grande parte das cidades brasileiras, os últimos anos no setor da cultura foram marcados pela criação de políticas, programas, ferramentas e linhas de apoio, que reforçam a importância de iniciativas culturais locais.

Pressionar e demandar o poder público, se organizar nos grupos do bairro, fazer pontes entre diferentes grupos dentro de uma mesma comunidade para que compartilhem experiências são exemplos da mobilização popular em prol da continuidade da cultura. Esse movimento é o responsável por mantê-la viva nos territórios. A seguir, confira alternativas que visam à mobilização cultural:

>> Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC)

Com mais de 20 anos de existência, o INRC é um instrumento de identificação do Patrimônio Cultural Brasileiro. A plataforma digital está apta a receber documentos, fotos, áudios e vídeos sobre as manifestações culturais de diferentes territórios brasileiros, inicialmente de projetos-piloto selecionados via edital. Com isso, a ideia é identificar, documentar e difundir os bens culturais expressivos da sociedade brasileira. Podem ser inscritos saberes e modos de fazer; celebrações e festas; linguagens musicais, iconográficas e performáticas; e também os espaços onde todas essas manifestações culturais acontecem. Neste momento, o novo modelo da plataforma está em fase experimental, em um processo de tratamento e digitalização de projetos, por exemplo, do Inventário do Museu Aberto do Descobrimento (MADE), com 186 inventários, mapeamentos e levantamentos documentais realizados por diferentes organizações e grupos em todo Brasil.

>> Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura

Pontos de Cultura são organizações de natureza ou finalidade cultural, com ou sem CNPJ, sem fins lucrativos, que desenvolvem e articulam atividades culturais em sua comunidade e em rede, há mais de dois anos. Já os Pontões de Cultura são entidades com CNPJ que devem atuar também há mais de dois anos no desenvolvimento de ações de mobilização, formação, mediação e articulação de uma determinada rede de Pontos de Cultura e demais iniciativas culturais, seja em âmbito territorial ou com um recorte temático ou identitário. É possível obter virtualmente a certificação simplificada como Ponto ou Pontão de Cultura, em um processo que leva, no máximo, três meses. Depois do reconhecimento, a entidade/grupo estará georreferenciado no Mapa da Rede Cultura Viva. Cidadãos, organizações da sociedade civil e coletivos culturais estão aptos a realizar o cadastro.

>> Floresta Ativista

Criada a partir da parceria entre hacklab/, o Fora do Eixo, a Mídia NINJA, a Rede Livre e coletivos, a Floresta Ativista é uma plataforma que funciona como repositório de diferentes iniciativas de coletivos, redes e pessoas que endereçam uma diversidade de lutas civilizatórias da atualidade. Na plataforma de software livre – ou seja, que aceita contribuições para seu aprimoramento e desenvolvimento -, é possível acessar quatro categorias: oportunidades que envolvem inscrições – como em oficinas, aulões, editais, convocatórias e eventos; notícias sobre comunidades e ações que compõem a rede; consulta de espaços e empreendimentos culturais e ativistas; e, por fim, perfis de pessoas com interesse e atuação nas áreas de arte, cultura, comunicação e ativismo. Ao consultar a página de uma das 23 comunidades mapeadas atualmente pela plataforma, é possível acessar o site de cada iniciativa, galerias de fotos e vídeos, suas principais áreas de atuação, redes sociais e formas de contato.

>> Mapa IberCultura Viva

Iniciativa dos Ministérios de Cultura de 13 países – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, México, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai –, a plataforma foi criada para mapear, conectar e dar visibilidade às iniciativas culturais comunitárias Ibero-americanas. Além de um mapa que registra agentes, espaços e eventos dos países, a iniciativa também conta com um mapeamento de oportunidades – como editais, prêmios e oficinas – de cultura comunitária; um calendário com os principais eventos; uma rede de agentes culturais cadastrados; e, ainda, uma listagem de projetos culturais, leis de fomento, mostras e convocatórias. Vale ressaltar que o mapa é uma iniciativa de software livre e está disponível para receber contribuições de aprimoramento.

>> Redes de Pontos e Pontões de Cultura

Em 2023, foram selecionados 42 Pontões de Cultura, via edital do Ministério da Cultura, com o objetivo de articular, mapear e capacitar as redes territoriais e temáticas de pontos de cultura no país. As entidades estão distribuídas por 27 territórios em 22 estados e no Distrito Federal. O grupo selecionado integra a Rede de Pontos e Pontões de Cultura, que conta com mais de 7.200 entidades ou coletivos cadastrados como Pontos e Pontões em todo o território nacional. Na navegação, é possível aplicar filtros de pesquisa, como tipo de ponto: ponto coletivo, ponto entidade ou Pontão, áreas de atuação (mais de 380 opções), ou estados.

>> Escola Solano Trindade de Formação e Qualificação Artística, Técnica e Cultural

Iniciativa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), do Ministério da Cultura e do governo federal, a Escult é uma plataforma de cursos on-line do universo da cultura. Todas as formações são gratuitas e se dividem em três categorias: cursos livres, de formação inicial e continuada (FIC) e de especialização (via edital). Todas as pessoas com Ensino Fundamental completo podem se inscrever. As formações envolvem diferentes aspectos da cultura, desde um viés mais técnico e de gestão, até fotografia, edição de vídeo, sonorização e outros.

>> Festival Afro de Juventude e Cidadania

Realizado pelo Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ), Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo e Unegro (União de Negros e Negras pela Igualdade) – além de apoio de instituições regionais –, o Festival consiste em um conjunto de seis formações, gratuitas e on-line, sobre questões raciais e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. As temáticas são: Captação e Gestão Financeira de Recursos para Projetos; Necropolítica, Brutalismo e Genocídio da Juventude Negra; Raça, Juventude e Brasilidade; Sobreviver no Inferno ao Paraíso: O Rap Enquanto Sentido da Vida; Racismo na Escola: Não basta falar, é preciso agir!; Cultura Afro, Produção de Eventos e Orgulho Racial. Cada formação tem duração de 40 horas, com aulas assíncronas e indicação de materiais complementares, e os participantes recebem certificado ao final de cada curso.

>> Instituto, Rede e Universidade Afrolatinas

Afrolatinas reúne um verdadeiro conjunto de atuações. O instituto consiste em uma organização de mulheres negras que desenvolve ações transversais a partir da educação, das artes, da cultura e da comunicação. Com isso, tem como objetivo articular e fortalecer diferentes saberes: nas artes, na academia, na rua, em casa, na escola, no chão de fábrica, na comunicação, nos movimentos sociais. Para que isso seja possível, atua a partir de 21 eixos de trabalho, que incluem Bem-Viver, Cultura Negra, Economia Criativa, Gestão Cultural, Comunicação e Impacto Social. No eixo de educação, por exemplo, está a Universidade Afrolatinas, criada em 2023 com a missão de democratizar conhecimentos sobre gestão, história, cultura e identidade, com foco na preservação do patrimônio cultural e da memória negra. A iniciativa segue o modelo de universidade livre, com jornadas de conhecimento, com diferentes formatos, linguagens e cargas horárias a fim de possibilitar uma educação acessível, inclusiva e transformadora. Em 2025, serão realizadas duas jornadas: uma sobre Acessibilidade Cultural e outra sobre Políticas Afirmativas na Cultura.

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