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Publicado em

15/06/2023

Iniciativas promovem participação, apoio e orientação a grupos invisibilizados ou vítimas de violência e discriminação

Por Maria Victória Oliveira

Crianças brincam no Sefras Criança – Peri, localizado no Jardim Peri Alto, extremo norte da cidade de São Paulo, que atende 120 crianças e adolescentes (6 a 16 anos) no contraturno escolar. Foto: Sefras

São muitos e variados tipos de violências, invisibilidades, descasos e indiferenças diárias vivenciadas por vários brasileiros e brasileiras no país, seja por conta da sua orientação sexual, seu gênero, o local de moradia, e até mesmo sua idade.

Segundo a quarta edição da pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, por exemplo, quase 51 mil mulheres sofreram violência diariamente em 2022. O levantamento demonstra, em dados, uma verdadeira epidemia de violência: 33,4% das mulheres com 16 anos ou mais sofreram violência física e/ou sexual por parte de parceiro íntimo ou ex, índice maior do que a média global de 27%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em outra frente, o Painel Interativo de Decisões sobre Refúgio no Brasil mostra que, atualmente, há cerca de 66 mil pessoas reconhecidas como refugiadas no país. De acordo com a 7ª edição do relatório Refúgio em Números, apenas em 2021, foram feitas 29 mil solicitações da condição de refugiado. São pessoas recém-chegadas a uma nova nação, que precisam de documentos, moradia, acesso a emprego, a renda e a escola para os filhos, além de, muitas vezes, enfrentar a barreira do idioma e a xenofobia.

Outro grupo que também vive o preconceito em seus corpos é o das pessoas transsexuais. Segundo uma pesquisa realizada ao final de 2022 pelo projeto TransVida, do Grupo pela Vidda, apenas 15% dos respondentes relataram ter um trabalho com carteira assinada. Do total, 36,7% já foram vítimas de transfobia e 34% de homofobia.

Isso sem falar em populações historicamente vitimizadas, por uma questão etária, inclusive, como as crianças e adolescentes e a população idosa. Só para se ter ideia, entre 2016 e 2020, 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram mortos de forma violenta no Brasil, uma média de 7 mil por ano, segundo o Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, produzido pelo UNICEF e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Diante deste cenário, diferentes ações, projetos e programas, pelo Brasil afora, têm olhado justamente para esses públicos com o objetivo de protegê-los, cuidá-los e incentivá-los a alcançar seu o potencial em uma sociedade que não valoriza suas diversidades. Confira a seguir algumas iniciativas:

Crianças e jovens

Enquanto sujeitos de direitos, crianças, adolescentes e jovens também devem participar de debates sobre desafios e questões sociais.

O projeto Escola D’água, que atua em mais de 80 escolas em Santarém, no Pará, tem como objetivo inspirar as gerações presentes e futuras a praticar o uso sustentável da água, garantindo saúde e água limpa para todos, além de incentivar reflexões sobre outras questões socioambientais, como a importância da Amazônia.

Para isso, a iniciativa, que é do Instituto Mureru Eco Amazônia, promove, no contraturno escolar, a capacitação de crianças, adolescentes e educadores de escolas públicas localizadas na cidade, em territórios indígenas e quilombolas, em regiões ribeirinhas de terra firme e de áreas alagáveis ou de várzea.

Também estão disponíveis outras oficinas e iniciativas de educomunicação. Para os educadores envolvidos, trata-se de uma oportunidade de promover o desenvolvimento por parte dos estudantes de habilidades de comunicação e temas socioambientais, trabalhando sua desenvoltura, empoderamento e protagonismo infantojuvenil.

>> Conheça mais sobre o Instituto Mureru Eco Amazônia através do site ou Instagram.

Mulheres

Foto: Divulgação

A Assessoria Multidisciplinar Gratuita para Mulheres em Situação de Violência, ou mais conhecida como Tamo Juntas, é uma organização feminista criada em 2016, em Salvador, na Bahia, com o objetivo de atuar politicamente nos territórios e, também, em esfera nacional, na denúncia e no combate da violência contra a mulher.

Autodenominada feminista, antirracista, anticapitalista e antiLGBTQIfóbica, a Tamo Juntas é composta por profissionais como advogadas, assistentes sociais, psicólogas, pedagogas, médicas e dentistas espalhadas por diversas regiões do Brasil.

São realizados atendimentos e mutirões para acolher mulheres em situação de violência, buscando que essas vivências não se repitam. As voluntárias também acompanham as vítimas nas delegacias, atuam como assistentes de acusação em casos de tentativa de feminicídio ou violência sexual e de gênero, prestando todas as orientações e encaminhamentos. O grupo também oferece acompanhamento psicológico em algumas localidades.

>> Acesse o site ou Instagram da Tamo Juntas e saiba mais.

Refugiados

São inúmeras as razões pelas quais milhares de pessoas decidem, diariamente, deixar seus lares em busca de uma vida melhor, seja por instabilidade econômica, conflitos políticos, guerras e até mesmo eventos climáticos.

É importante, entretanto, olhar essas pessoas sob o ponto de vista da potência. Assim o faz a organização Abraço Cultural, que atende pessoas vindas ao Brasil a partir de outros países. Hoje, oferece cursos de idioma de árabe, espanhol, francês e inglês, ministrados por pessoas refugiadas, que, além do idioma, compartilham também costumes e experiências culturais.

>> Entenda mais acessando o site ou o Instagram da organização.

Nós, O Mundo, uma iniciativa do Instituto Adus – organização que atua na integração social de refugiados e imigrantes vítimas de migrações forçadas –, é outro exemplo de que é possível unir ensino de idiomas e geração de trabalho e renda.

A escola oferece aulas de inglês, francês e espanhol, enquanto o instituto promove orientação jurídica, capacitação, intermediação com empresas para colocação profissional e ensino de português a refugiados.

>> Conheça mais sobre a iniciativa através do site do projeto ou do Instituto Adus.

Transsexuais

O preconceito e a discriminação impõem barreiras às possibilidades de desenvolvimento e prosperidade de pessoas trans. Pensando nisso, um grupo de quatro mulheres criou a TransEmpregos, em 2013, com a missão de trabalhar com empresas para confrontar a discriminação e o preconceito causadores da dificuldade do acesso a empregos.

A plataforma gratuita oferece espaço tanto para pessoas que buscam emprego, com campo para cadastro do currículo, cursos preparatórios e cartilhas para o mercado de trabalho, como para empresas que desejam anunciar vagas e ter acesso ao banco de currículos de pessoas trans.

>> Conheça a plataforma diretamente no site ou através do Instagram.

Terceira Idade

Em Belo Horizonte (MG), a interação entre gerações foi impulsionada pela Lei 11.464/2023, que institui a Política de Valorização e Aplicação do Conhecimento e da Experiência dos Idosos para Fins Educacionais, Culturais e Sociais e Complementação Educacional de Crianças Matriculadas na Rede Municipal de Ensino.

A iniciativa de articular os espaços de ensino do município para promover o compartilhamento dos saberes de pessoas acima de 60 anos com crianças e adolescentes é uma tentativa de despertar o reconhecimento e o respeito aos direitos desses dois grupos e valorizar seus lugares na sociedade. A legislação está em vigor desde março de 2023 e representa um esforço intersetorial que contribui não apenas para a valorização dos saberes dos mais velhos, mas também para a educação das crianças e adolescentes.

>> Veja os detalhes da lei e confira um Guia de Ideias para Planear e Implementar Projetos Intergeracionais.

Em março, produzimos a série Mulheres que cuidam da Casa Comum, um especial para nossas mídias digitais focado em visibilizar e fortalecer a atuação de mulheres de diferentes regiões do Brasil que lutam em defesa dos direitos humanos e socioambientais, no campo e na cidade. Confira!

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