Publicado em
20/06/2024
No campo da influência digital no debate social, alguns influenciadores passam a estruturar sua ação a partir de bandeiras progressistas, da defesa dos direitos humanos, da visibilização de territórios, povos e grupos periféricos. Conheça os influenciadores do Bem Viver.
Por Vinícius Borges Gomes*
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Influenciadores digitais têm tomado conta das plataformas digitais e arrebanhado milhões de “seguidores” nos mais diversos campos. A palavra “influencer” passou a ser amplamente usada em meados de 2015. Mas a história começa bem antes: já no fim dos anos 1990, surgiam os blogs. Os diários digitais foram ganhando novos contornos com a possibilidade de publicação de vídeos e fotos, sobretudo a partir do começo dos anos 2000. Tanto é que muitos influenciadores, ainda hoje, são chamados de “blogueiros”.
Basta estar em alguma plataforma digital, como Instagram ou Facebook, para ser um influenciador? Negativo! A simples presença nas redes não torna ninguém um influenciador digital, ainda que toda e qualquer pessoa influencie seu ciclo de convivência em maior ou menor grau. Um influenciador age de forma estruturada e, em geral, atua em algum nicho ou grupo de interesse específico. Sua prática também é multiplataforma. Isso significa que ele está presente em várias redes sociais diferentes. A produção de conteúdo deve ser periódica e, via de regra, organizada a partir da compreensão de funcionamento de cada rede.
Há influenciadores que atingem milhões de seguidores. Mas existem, também, microinfluenciadores que, embora atinjam um número de pessoas muito menor, conseguem estabelecer sua atuação midiática de forma orgânica e com relativo impacto.
Uma natureza própria da influência digital é seu papel mercadológico. Muitos dos influenciadores digitais atuam como mídias de si e, valorizando a marca do próprio nome, passam a comercializar seu prestígio junto ao público para vender uma série de produtos. Os seguidores conferem certa autoridade aos influenciadores que seguem.
Outros influenciadores digitais buscam estabelecer sua atuação para impactar ideias, valores, opiniões e posicionamentos. São aqueles que buscam influenciar o debate social. Podem estar associados à política, à religião e aos movimentos sociais, por exemplo. De maneira geral, muitos deles acabam se associando a movimentos extremistas. É um fenômeno contemporâneo desafiador e global. Os discursos violentos e simplistas viralizam com facilidade e catapultam alguns nomes a um cenário de ampla visibilidade. Não são poucos os que passam a espalhar desinformação – distorções variadas ou mentiras (conhecidas como fake news).
Ainda no campo da influência digital no debate social, outros influenciadores passam a estruturar sua ação a partir de bandeiras progressistas, da defesa dos direitos humanos, da visibilização de territórios, povos e grupos periféricos. Há espaço, mesmo no emaranhado confuso e mercantil das plataformas digitais, para que se escutem vozes tradicionalmente silenciadas no debate social. De forma rebelde e desafiadora, esses ativistas digitais assumem a tarefa de comunicar mensagens de potencial transformador. Seus corpos midiáticos, virtualizados em novas comunicabilidades, pautam debates urgentes e necessários.
Chamaremos, neste texto, todos os influenciadores digitais que assumem um ativismo digital comprometido com a igualdade, a defesa dos direitos humanos e uma sociedade mais justa de influenciadores digitais do Bem Viver. São aqueles que, comprometidos com as próprias vivências, povos ou grupos a que pertencem, vocalizam outras tantas vozes que precisam ser ouvidas numa sociedade de divisão e desigualdades.
As plataformas digitais não são neutras. Reconhecer essa condição é fundamental para que não se caia em uma ingenuidade romântica. Contudo, apesar dos posicionamentos questionáveis de muitas big techs1, é possível estabelecer uma comunicação humanista que atravesse as frestas viáveis em uma infraestrutura algoritmizada para o consumo. Essa atuação precisa estar ladeada pela urgência de uma regulamentação que não deixe dúvidas sobre a importância de combater a desinformação, os discursos de ódio e a violência cibernética.
Compromissados com a esperança coletiva, os influenciadores do Bem Viver podem pautar o debate social a partir de questões que partam de uma visão integral do planeta, seus territórios e suas gentes. O universo on- line tem suas dinâmicas e as múltiplas linguagens, em constante transformação, que precisam ser usadas com ousadia. Isso não significa ceder a uma replicação irrefletida e mercantil das práticas virais, mas comunicar-se sem anacronismos que pouco impactam a vivência diária.
Para saber mais sobre o tema e refletir suas nuances, incluindo um diálogo necessário e até crítico, apresentamos uma lista com alguns influenciadores digitais que ousam desafiar algumas bandeiras dominantes da visão exploratória do planeta: vozes digitais carregadas de esperança.
Economia
Comunicação comunitária
Luta racial
Meio ambiente
Mulheres
Povos indígenas
LGBTQIAP+
¹Big techs são grandes empresas globais de tecnologia. O termo é comumente usado para se referir ao Google, Meta (dona de Facebook, Instagram, Whatsapp) e Microsoft, por exemplo.
*Vinícius Borges Gomes é jornalista, mestre e doutor em Comunicação. É educador e ativista pelos direitos humanos, com destaque para a área das juventudes, além de pesquisar a interface entre comunicação e política.
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