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Publicado em

29/10/2024

Relatório Luz 2024 mostra cenário preocupante das metas dos ODS no Brasil 

Das 168 metas aplicáveis ao país na Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), apenas 13 mostraram progresso satisfatório, enquanto 43 seguiram estagnadas e 40 retrocederam ou continuaram em retrocesso.

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“O Brasil, portanto, segue distante da transição justa, acessível e inclusiva que necessita.” 

A frase, que consta na introdução do VIII Relatório Luz da Sociedade Civil da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável – Brasil resume os achados da pesquisa, que estudam e monitoram a situação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil. 

O estudo, uma iniciativa do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSC A2030), mostra que a situação é preocupante. 

Isso porque apesar de 13 (ou 7,73%) das 168 metas dos ODS aplicáveis ao Brasil mostrarem progresso satisfatório e outras 58 (34,52%) mostrarem progresso insuficiente,  o cenário de retrocesso e/ou estagnação é maior. Em 2023, 40 (23,8%) das 168 metas retrocederam ou se mantiveram em retrocesso; 43 (ou 25,59%) seguiram estagnadas; 10 (5,95%) estão ameaçadas e quatro (2,38%) não contam com dados suficientes para avaliação. 

Entenda a classificação das metas 

Mas, afinal, como definir se uma meta avançou, manteve-se estagnada ou regrediu? 

> Retrocesso: quando as políticas ou ações correspondentes foram interrompidas, alteradas negativamente ou sofreram esvaziamento orçamentário;
> Ameaçada: quando, ainda que não haja retrocesso, a meta está em risco, por ações ou inações cujas repercussões comprometam seu alcance;
> Estagnada: quando não houve indicação de avanço ou retrocesso estatisticamente significativa;
> Progresso insuficiente: quando a meta apresenta desenvolvimento aquém do necessário para sua implementação efetiva; 
> Progresso satisfatório: quando a meta está em implementação com chances de ser atingida ao final da Agenda 2030.

Impacto dos últimos anos 

O relatório traz uma análise de que o Brasil, comumente descrito como o ‘país do futuro’, é uma promessa incumprida. 

Isso porque, além do cenário global de “maior tensionamento, policrise com a perda acelerada da biodiversidade, emergência climática, disrupções econômicas e guerras que fragilizam ainda mais o sistema multilateral”, como enumera trecho do estudo, é necessário se considerar que o sistema político é controlado por grupos que se beneficiam e se alimentam dos privilégios gerados pelas desigualdades. 

Além disso, os impactos da pandemia de Covid-19, juntamente com ações e medidas do último governo – que prejudicaram diretamente a Agenda 2030 -, foram alguns dos fatores responsáveis pelo cenário atual das metas, que estão longe de seu cumprimento. 

Os esforços do governo federal a partir de 2023 renderam, sim, frutos, mas que devem ser observados com cautela: trecho do relatório afirma que, “em muitos setores, progredir significou apenas voltar aos índices de 2015 ou 2020”. 

Entre os pontos positivos está a reabertura dos espaços de participação da sociedade civil nas instâncias de governança – entre eles a Comissão Nacional dos ODS; o protagonismo que o Brasil voltou a ocupar nas relações internacionais; e também o acesso, pela primeira vez, aos dados sobre os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) relativos à Agenda 2030. Os números mostraram que 12 ODS (1, 2, 3, 4, 5, 6, 11, 12, 14, 15, 16 e 17) estão subfinanciados.

Listagem de ODS 

Além do panorama geral, o relatório traz também uma análise detalhada de cada um dos 17 ODS. 

Confira a seguir a situação de alguns deles: 

Foi o ODS que verificou mais avanços relativos ao ano de 2023. Entretanto, o fato decorre do cenário anterior, com o Brasil de volta ao Mapa da Fome, a crise Yanomami, a alta do desemprego e outros fatores. Conta com quatro metas de progresso satisfatório, uma estagnada e outra em retrocesso.

Situação considerada preocupante, com investimentos públicos abaixo do necessário. Não há dados o suficiente para seis dos 11 indicadores aplicáveis ao Brasil. O Novo Ensino Médio é um desafio, a taxa de frequência escolar líquida caiu em todas as faixas etárias no Ensino Fundamental, houve queda nas matrículas do Ensino Médio, entre outros aspectos. 

A análise é de que as políticas públicas e a gestão do setor não acompanham as necessidades da população para universalizar o saneamento básico. Houve aumento do orçamento e destinação, mas inferior aos R$50 bilhões anuais necessários para garantir a universalização até 2033. São quatro metas em retrocesso. 

São duas metas com progresso insuficiente, duas em retrocesso, duas com progresso satisfatório, duas estagnadas, uma sem dados e outra ameaçada. Apesar de aumento da massa de rendimento mensal domiciliar per capita e subida do Brasil ao posto de nona economia do mundo segundo ranking econômico internacional em 2023, ainda são necessários esforços para combater a desigualdade econômica e regional.  

Fique por dentro 

Além da análise dos ODS, o relatório também traz um estudo de caso sobre a não inclusão de raça e gênero na Agenda 2030, defendendo que é “fundamental que as ações antirracista e antissexista estejam presentes em quaisquer agendas que busquem efetivar os direitos humanos no Brasil.” 

O VIII Relatório Luz da Sociedade Civil da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável – Brasil está disponível na íntegra e em português. Acesse e saiba mais

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