Publicado em
19/06/2023
A atividade de aniversário e debate de lançamento da 5ª edição reuniu especialistas e representantes de movimentos sociais, na última quinta-feira (15)
Por Dayse Porto
Fotos por Flávio Müller
Em junho, a Revista Casa Comum comemora seu primeiro ano de existência e, para celebrar este momento junto ao público da Revista, realizou um evento em São Paulo que contou também com o lançamento da 5ª edição e um debate com especialistas.
O evento foi iniciado com a fala do Frei José Francisco, diretor-presidente do Sefras – Ação Social Franciscana, que destacou a importância política do projeto no atual cenário. “Nós franciscanos não estamos apenas interessados em acolher e cuidar dos mais pobres, estamos também em discutir as causas que geram essa pobreza.”
O professor Ismar de Oliveira Soares, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Educomunicação (ABPEducom), apresentou o material Trilhas de Saberes, uma novidade da Revista elabora em parceria com a ABPEducom. “Para nós, a Revista Casa Comum é uma referência de prática educomunicativa. A Trilha de Saberes é uma tentativa de democratizar a informação e de formar mais pessoas a serviço de mais práticas educomunicativas no país”, afirmou. Para ele, o material é uma “tradução” do pensamento Freiriano sobre comunicação e educação popular.
E, com o tema O direito de ser: brasileiros buscam viver as suas múltiplas diferenças e diversidades, o debate de lançamento da 5ª edição da revista propôs reflexões extremamente necessárias a partir das falas dos(as) especialistas convidados(as).
Participaram do debate Célio Turino, gestor de políticas públicas e fundador do Instituto Casa Comum; Amanda Aragão, sócia da consultoria Mais Diversidade; Mateus Fernandes, secretário da Juventude de Guarulhos; e Frei José Francisco. A mediação foi de Fábio Paes, responsável pela estratégia de advocacy e de produção de conhecimento do Sefras e coordenador do projeto.
Célio Turino ressaltou que não há mais tempo para uma “paciência histórica”. Segundo Célio, precisamos entender que estamos vivendo tempos de urgências históricas e é, cada vez mais necessário, agir e é neste sentido que se dá a importância da Revista. “A grande contribuição deste projeto é criar uma harmonia entre o coração, a cabeça e as mãos, assim como prega o Papa Francisco, para que seja possível, de fato, cuidar da nossa Casa Comum”.
Mateus Fernandes falou sobre a importância do acesso, de ocupar certos lugares e da representatividade. “Voz a gente já tem, os territórios periféricos são muito potentes e precisamos aprender a olhar para eles e ampliar as soluções que já existem. Mas é preciso criar mais mecanismos de acesso para que mais pessoas como eu possam estar em espaços como esse”, destacou.
Em diálogo com Mateus, Amanda Aragão contou que uma grande barreira dentro das organizações quando o assunto é diversidade e inclusão, é a falta de acesso. “Acesso à educação, para determinados grupos. Acesso aos locais, no caso de pessoas com deficiência. Acesso a direitos básicos, no caso de famílias homoafetivas”, explicou.
Para a especialista em diversidade, as organizações pioneiras não são as que fazem o mínimo cumprir a lei, mas as que vão muito além disso. “Um exemplo óbvio é a licença paternidade, que atualmente é só de 5 dias, o que é impraticável e algumas organizações já estão revendo, por compromisso efetivo com a pauta. A organização que quer fazer, coloca a intencionalidade, e a organização que não quer fazer, coloca justificativas.”
Outra barreira é a própria manutenção da pessoa dentro da organização. Para exemplificar, Amanda contou a história de Mateus dentro da Mais Diversidade. Ainda nos primórdios da consultoria, Mateus entrou em contato com argumentos sobre o porquê deveria ser contratado e assim aconteceu. Nos primeiros dias, ela contou sobre a estranheza de ser convidado pelas outras pessoas da equipe para almoçar, porque isso não acontecia em seus empregos anteriores.
Uma história muito sutil que representa bem o desconforto de minorias sociais que entram em organizações que querem “mostrar” o quanto são diversas, mas não têm práticas cotidianas de cuidado com as diferenças e especificidades desses grupos, tampouco políticas de incentivo para permanência. “É quando a pessoa está lá, mas percebe que não faz parte daquele lugar”.
“Por meio dessa iniciativa, estamos fortalecendo a articulação em rede no campo dos direitos humanos e socioambientais, promovendo debates relevantes, ampliando vozes e impulsionando a mobilização social. A Revista Casa Comum é um instrumento essencial para conscientizar, engajar e inspirar a sociedade atual na busca pela redução das desigualdades, pelo combate às violências e na construção de políticas de cuidado com a nossa Casa Comum”, destacou Fábio Paes, responsável pela estratégia de advocacy do Sefras.
Os(as) convidados(as) responderam dúvidas e comentaram sobre as impressões do público ao final do evento, que foi encerrado sob a perspectiva de avançar na construção do projeto Revista Casa Comum, agregando mais vozes (e mais diversas) em torno de um denominador comum: o cuidado com a Casa Comum.
Revista Casa Comum: um projeto de comunicação multiplataforma
O projeto é uma realização do Sefras em parceria e articulação com uma série de organizações, coalizões, movimentos e coletivos que atuam no Brasil. A Revista conta com a coordenação editorial do Estúdio Cais – Projetos de Interesse Público e com a Paulus Editora como parceira de impressão e distribuição.
Lançado em junho de 2022, o intuito do projeto é ampliar a compreensão de diferentes públicos sobre pautas de direitos humanos e ambientais. Além disso, também pretende gerar conhecimento e incentivar a mobilização social em torno de temas como soberania alimentar, economias transformadoras, enfrentamento às diversas violências e ecologia integral.
Veja as fotos do evento:
Assista o teaser da 5ª edição:
Editorial da 5ª edição da Revista Casa Comum.
Publicado em
15/06/2023
Editorial da 1ª edição da Revista Casa Comum.
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01/06/2022
Editorial da 3ª edição da Revista Casa Comum.
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01/11/2022