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Publicado em

06/02/2023

FSM convoca mobilização permanente por igualdade, justiça e sustentabilidade

Ao completar 22 anos, Fórum Social Mundial olha para recentes tentativas de golpes de Estado de bolsonaristas, e aponta caminhos para futuro, com destaque para a efetiva participação social em todas as instâncias de governo

Por Elvis Marques*

Ministro Márcio Macêdo participa de última mesa do Fórum Social Mundial 2023, em Porto Alegre. Foto: Joaquim Moura – Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul

Sob o tema Democracia, direitos dos povos e do planeta: outro mundo é possível, o Fórum Social Mundial (FSM), edição de 2023, chegou aos seus 22 anos na última semana, no local de seu nascimento, em Porto Alegre (RS). Desta vez, o evento foi realizado nos espaços da Assembleia Legislativa do Estado, entre os dias 23 e 28 de janeiro.

Com mais de 10 mil pessoas reunidas ao longo de seis dias, o evento foi organizado por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda e ofereceu mais de 200 atividades presenciais e virtuais, segundo o comitê organizador.

Segundo Amarildo Cenci, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Rio Grande do Sul, o Fórum reafirmou a luta pela democracia. “Temos o compromisso de todos os participantes, movimentos, centrais sindicais e partidos de esquerda de permanecer nas ruas. A organização do povo, sua conscientização e mobilização, é a garantia que a gente pode ter instituições fortes e governos que façam as mudanças necessárias e inadiáveis para ter um Brasil de volta para trabalhadoras e trabalhadores, para o povo que mais precisa”, destacou.


Dentre as principais pautas debatidas no evento, estão: trabalho digno, a igualdade salarial entre homens e mulheres, o combate à fome, a valorização dos sindicatos e a defesa da democracia, sem anistia para os golpistas que participaram dos atos no dia 8 de janeiro.


Militante da ONG LGBTQIA+ Nuances, Célio Golin, em entrevista à Agência Brasil, manifestou que o fórum se consolidou internacionalmente como um ambiente democrático e de forte participação popular. “Para nós, da população LGBT, é muito importante porque é o espaço onde nós podemos disputar, junto com os outros movimentos, essa visibilidade, esse empoderamento. Eu acho que a democracia, para ser representativa, precisa contemplar todos os públicos.”

Resistência

Durante o governo do ex-presidente Bolsonaro (PL), o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) ficou sob o guarda chuva do então Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos, chefiado por Damares Alves, – um período de diversos ataques, tentativas de intervenção e retirada de autonomia financeira e política.

“Não é por acaso que o governo anterior começou reestruturando ministérios e acabando com o Consea. Naquela medida provisória já havia o germe do ataque à participação social. Logo após, houve o ataque e tentativa de desconfiguração de dezenas de conselhos”, relatou, ao jornal Brasil de Fato, Leonardo Pinho, presidente do CNDH.

Leonardo lembrou que logo no início do último governo uma de suas primeiras ações foi o ataque e a extinção de espaços de participação social, estratégia fundamental em seu projeto político, que terminou com sucessivas tentativas de golpe de Estado. “A democracia brasileira, construída a partir da luta contra ditadura, que culminou na Constituição e na construção de sistemas de direitos, era o centro do ataque do governo anterior.”

Participação popular

Dentre os inúmeros participantes do evento, o governo federal enviou ministros como Marina Silva (Meio Ambiente) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência da República), que reafirmaram, no dia 27 de janeiro, o compromisso do governo Lula de “colocar as impressões digitais do povo” nas políticas públicas. “Estou muito feliz que o meu primeiro debate sobre participação social fora de Brasília seja neste Fórum”, destacou.

Mais de 50 pessoas participaram presencialmente da roda de diálogo da comunicação no Auditório do SindBancários. Foto: Ademir Wiederkehr – Brasil de Fato

De acordo com Márcio, o governo criará um conselho formado por 60 entidades da sociedade civil, e, além disso, estará aberto a um diálogo para criar as bases para a elaboração de um planejamento aos moldes do Orçamento Participativo.

O ministro ainda pontuou ações já tomadas no primeiro mês de gestão com o objetivo de colocar representantes da sociedade de volta a instâncias consultivas e deliberativas. “O presidente criou a Secretaria de Participação Popular, a Secretaria de Diálogos Sociais, a Secretaria de Políticas Sociais, Secretaria de Juventude e promoverá a rearticulação dos conselhos”, relatou.

Marina denunciou que 400 indígenas foram assassinados no governo Bolsonaro / Foto: Katia Marko – Brasil de Fato

Ainda foram anunciados:

“Em parceria com a ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, vamos percorrer o Brasil para fazer o Planejamento Participativo e criar as bases para o Orçamento Participativo”, enfatizou.

Histórico

O FSM foi realizado pela primeira vez em Porto Alegre, em 2001, como uma forma de contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que ocorre sempre no mesmo período em Davos, na Suíça.

O evento é conhecido por ser um espaço de discussão de iniciativas e estratégias que se contrapõem à agenda neoliberal e às desigualdades sociais.

Acompanhe toda a cobertura especial do evento por meio do Brasil de Fato: www.brasildefators.com.br

*Com informações do Brasil de Fato

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