Publicado em
07/03/2023
A 4ª edição da Revista Casa Comum, a primeira de 2023, carrega o dever histórico de falar sobre o cenário pós-eleições e a perspectiva da democracia com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, duas cenas históricas, nesse início de ano, revelam que o contexto é muito mais complexo e desafiador do que muitos analistas e historiadores poderiam inferir.
As invasões criminosas de grupos extremistas nas casas dos Três Poderes em Brasília e o revelado
projeto de morte e genocídio pelo governo Bolsonaro dos povos originários Yanomami, no qual morreram mais de 500 crianças nos últimos quatro anos por falta de acesso básico à saúde e a situação de fome, ou seja, por causas evitáveis. Ambas as imagens são parte de uma mesma agenda propagada e liderada de forma representativa por Bolsonaro em que há o interesse econômico de grupos usurpadores de princípios morais e éticos de mercado ou de negócio, com incentivo de propostas e técnicas ultrapassadas e mortíferas para a vida, como é o caso dos garimpeiros. Os recordes de lucros do agronegócio no exterior, em detrimento de um país que passa fome, evidenciam o tamanho da contradição.
A atitude, nesse momento, é entender que todas as esferas de promoção e defesa da vida foram exploradas e mortas nos últimos anos, de forma livre, oficial e massiva. Os biomas foram destruídos, assim como as políticas de Educação, Saúde, Cultura e Assistência Social. Os Yanomami são o espelho do projeto bolsonarista agora intitulado como “extrema direita”.
Esse projeto precisa ser entendido em sua máxima forma de organização e mobilização de corações e mentes, em que a moral e a religião servem como alimento no campo do desejo. A extrema direita não pode ser entendida como uma simples tendência ideológica ou partidária, mas sim, da forma como vem produzindo e agindo, considerada como antidemocrática e criminosa. Isso se deve porque não adentra no jogo social e político regido pelos princípios societários fundamentais, arduamente conquistados nas últimas décadas, para o bem-viver de todas as formas de vida.
Onde foi que erramos? Será possível fazer esse tipo de pergunta e a quem direcioná-la e quem responsabilizar? Analisar e refletir as variáveis desse contexto surreal, se não fosse cotidiano e trágico, e tentar traçar um caminho dentro do pacto societário e democrático, dependerá não apenas de um governo progressista, mas de uma sociedade organizada de forma ampla e compromissada em torno de um projeto de mundo, ressignificando as relações de afeto, cuidado e crítica com conhecidos, amigos, familiares, vizinhos e comunidades. Resgatando o princípio revolucionário da educação como centro desse projeto. Não conseguiremos achar novas “saídas” ou “rumos” se não for pela porta da educação, e isso atrelado à significação de uma espiritualidade que tem como base a dialética da história.
Pois como diz o antigo aforismo escolar: “História é a ciência que estuda os fatos passados, para melhor compreender o presente!” Precisamos de uma sociedade que tenha como método o diálogo, a criticidade histórica e o investimento na democracia, na promoção e na defesa das distintas e diversas formas de vida e existência. Do contrário, será a barbárie e a morte como método, modelo e projeto de sociedade.
Equipe Revista Casa Comum
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