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Publicado em

21/06/2024

Perfil de uma nação com desafios a serem superados para a garantia de direitos



Por Elvis Marques

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O Brasil chegou em 2022 com mais de 203 milhões de habitantes. Um aumento de 6,5% em relação ao último Censo, de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 12,3 milhões de pessoas a mais no país. Rostos, culturas, identidades, religiosidades, sexualidades e origens diversas.

A população indígena é formada por 1.694.836 de pessoas, e a quilombola é composta por 1.330.186 de pessoas. O país é composto por uma maioria de mulheres, mais de 104 milhões, diante de 98 milhões de homens. Segundo o IBGE, 92 milhões de pessoas se declaram pardas, 88 milhões brancas e 20 milhões pretas.

Um país plural, que foi se transformando ao longo do tempo. É possível perceber o crescimento populacional e os seus desafios a partir desse panorama. Confira.

Mas como começou esse olhar para a população? Como olhar para as estatísticas e pensar uma vida melhor? D. Pedro II convocou o primeiro Censo que se tem registro em 1872, mas o objetivo, pelo menos segundo o IBGE e reportagem especial da Agência Senado, não era olhar propriamente para o bem-estar da população. O parlamento da época já pedia a contagem do povo por inúmeros motivos, tais como: tamanho do eleitorado, aumento dos batalhões de guarda ou a participação em guerras.

Com o auxílio das paróquias católicas de todos os cantos do então Império, formulários em papel eram enviados aos chefes de família para o preenchimento. Naquele período, a pesquisa identificou uma população de quase 10 milhões de “almas”.

Fonte: Agência Senado.
Disponível em: bit.ly/RCC_09_25

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Resíduos e reciclagem

Com a sua dimensão continental, o Brasil gera cerca de 80 toneladas de lixo por ano, o que corresponde a 343 quilos, em média, por habitante. No entanto, apenas 4% desse total são reaproveitados ou reciclados, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

  • No mundo, cerca de 2,7 bilhões de pessoas vivem sem acesso a serviços básicos, como os de limpeza urba- na e coleta de lixo. No Brasil, esse índice é de 1 em cada 11 pessoas;
  • 40% de todos os resíduos no país são enviados a aterros controlados ou lixões a céu aberto, locais inade- quados para a destinação;
  • Apesar de 70% das cidades brasileiras possuírem coleta seletiva, somente 30% das pessoas separam o lixo seco do orgânico;
  • No Brasil, até 2050, o descarte de resíduos deve crescer mais de 50%, alcançando 120 milhões de toneladas por ano.

Fontes: Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Ong Menos 1 Lixo, International Solid Waste Association (ISWA) e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Alimentação que falta versus alimento descartado

Nas cidades, principalmente nos grandes centros urbanos, a fome e o desperdício de alimentos ficam cara a cara. Seja quando pessoas enfrentam filas para pegar ossos ou quando ruas ficam repletas de alimentos após as feiras de rua.

De acordo com um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2023, no Brasil, há 21 milhões de pessoas que não têm o que comer todos os dias. Em nível mundial, são 735 milhões de pessoas passando fome.

Em contraponto, outro levantamento da ONU, esse de 2022, mostra que o Brasil desperdiça, por ano, cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos. Confira outras informações:

  • A ONU estima que 80% desse desperdício acontece entre o manuseio, o transporte e as centrais de abastecimento;
  • Conforme pesquisa da MindMiners, em parceria com a Nestlé, mais de R$ 1,3 bilhão em frutas, legumes e verduras vão para o lixo anualmente nos supermercados nacionais;
  • Entre as empresas pesquisadas, 96% afirmaram descartar comida, sendo que mais da metade (54%) diz jogar fora sempre ou frequentemente;
  • A pesquisa evidencia uma queda de 80% nas doações de alimentos no Brasil em 2022, comparado com 2020;
  • Com tudo isso indo para o lixo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estima que somente 1% dos resíduos orgânicos vão para compostagem.

Fontes: Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024 do PNUMA/ ONU. Disponível em: bit.ly/RCC_09_29; Estudo O Alimento que Jogamos Fora – Causas, consequências e soluções para uma prática insustentável, MindMiners em parceria com a Nestlé. Disponível em: bit.ly/RCC_09_30; Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA); Embrapa.

A violência tem cor e CEP

O racismo estrutural está fortemente presente nas cidades e é possível perceber, por meio dos números, impedindo a população, principalmente negra e periférica, a alcançar o Bem Viver.

  • O Monitor da Violência, de iniciativa do portal de notícias G1, Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), mostra uma redução dos assassinatos em 2023. Foram 39,5 mil mortes violentas, em 2023, redução de 4% em relação a 2022, quando o total havia sido de 41.135 mortes violentas, ou 113 por dia.
  • Porém, apesar da recente redução, o Brasil ainda figura entre as nações com os maiores índices de homicídios.
  • Segundo o Atlas da Violência, divulgado em 2023, a cada 10 pessoas assassinadas no Brasil, em 2021, 8 eram negras; ou seja, 77% das vítimas. Ao olhar o recorte de gênero, o Atlas mostra que, em 2021, 67% do total de mulheres assassinadas no país eram negras.
  • Outro estudo de 2023, esse da Rede Nacional de Observatórios de Segurança Pública, aponta que 87% dos mortos pela polícia em 7 estados – Bahia, Ceará, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo – foram negros.
  • Além disso, estudos do FBSP e do Atlas da Violência evidenciam que as altas taxas de homicídio estão presentes nos bairros e nos municípios com maior taxa de pessoas em situação de extrema pobreza.

Fontes: Atlas da Violência. Disponível em: bit.ly/RCC_09_31 Rede Nacional de Observatórios de Segurança Pública. Disponível em: bit.ly/RCC_09_32. Estudos do FBSP. Disponível em: bit.ly/RCC_09_33

O desafio do Bem Viver no campo e nas florestas

Povos, comunidades tradicionais e trabalhadores rurais, lutam, há décadas ou há séculos (como é o caso de quilombolas e indígenas), pelo direito de viver em harmonia em suas terras e territórios. E essa luta conflita com desmatamento, exploração de minério, grilagem de terras e diversas outras problemáticas, que podem ser observadas no relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT):

  • Em 2023, foram registrados 2.203 conflitos, o maior número desde 1985;
  • Dentre as regiões, o Norte foi o que mais registrou conflitos (810), seguido pelo Nordeste com 665 casos;
  • Os conflitos envolveram 950.847 pessoas, disputando 59.442.784 hectares em todo o Brasil;
  • 251 casos de pessoas em situação de trabalho análogo à escravidão no meio rural, com 2.663 pessoas resgatadas dessa condição.

Fonte: Conflitos no Campo Brasil 2023 – CPT. Disponível em: bit.ly/RCC_09_35

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