Publicado em
27/04/2023
Pesquisa “Juventudes, Meio Ambiente e Mudanças Climática” mapeia percepção de mais de 5 mil jovens a respeito do assunto, em todas as regiões do país.
Apesar do meio ambiente ser um dos três assuntos que mais interessa às juventudes, principalmente entre mulheres e moradores de periferias ou favelas, e quase 100% concordar que se trata de um assunto de todas as pessoas. Há ainda uma grande falta de compreensão e conhecimento sobre meio ambiente e clima: 4 em 10 jovens participantes, ou seja, 36%, não sabem identificar o bioma em que vivem, por exemplo.
É o que constatou a pesquisa Juventudes, Meio Ambiente e Mudanças Climática, lançada pelo Em Movimento e Rede de Conhecimento Social, em parceria com as organizações Engajamundo, Instituto Ayíka e GT de Juventudes do movimento Uma Concertação pela Amazônia. O levantamento, conhecido pelo acrônimo “JUMA”, ouviu 5.150 pessoas com idades entre 15 e 29 anos, dos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, provenientes de todas as classes sociais e níveis de escolaridade nas várias regiões do Brasil, entre julho e novembro de 2022.
Outro dado que mostra um distanciamento entre o conhecimento e a realidade é que 7 a cada 10 jovens sabem o que significa o termo “mudança climática”, por exemplo, mas entre os fenômenos mais associados a esse conceito estão o aumento da temperatura na Terra e o derretimento de geleiras, itens de espectro macro e este último, distante do contexto nacional, especialmente entre moradores da Mata Atlântica. Temas mais presentes na realidade brasileira são conhecidos por apenas 2 a cada 10 jovens ou menos, especialmente onde são mais vivenciados, como seca prolongada na Caatinga e no Cerrado, ou extinção de animais e plantas na Mata Atlântica.
“Percebemos que os jovens estão trazendo conceitos de fora, que não têm relação direta com o contexto brasileiro. Conceitos como racismo ambiental, Agenda 2030 e justiça climática, por exemplo, não são conhecidos. Há alguma falha de comunicação no meio do caminho. Ou seja, há dados que mostram que os jovens percebem os impactos das mudanças climáticas em seu dia a dia, mas não ligam aos conceitos. Há uma desconexão com a prática. O imaginário está distante da realidade”, comenta Marisa Villi, coordenadora da pesquisa na Rede de Conhecimento Social.
Na opinião de Marcelo Rocha, fundador do Instituto Ayka, as juventudes têm sim este desejo de colaborar, refletir e agir em favor da pauta ambiental, porque é uma agenda do agora, mas o debate é sempre muito elitizado e o espaço de ação não chega aos territórios periféricos. “Essa juventude sabe o que está acontecendo, mas não se sente parte. Precisamos de um esforço coletivo para levar essas reflexões e ações para vários lugares e criar soluções coletivas. Incluir essa temática na BNCC [Base Nacional Comum Curricular] é fundamental, pois é uma geração que já está lidando com muitos dos efeitos das mudanças climáticas, como chuvas ou secas extremas, por exemplo, entre tantos outros”, pondera.
Ações como essa são importantes para que mais jovens falem sobre o tema, principalmente porque, de acordo com a pesquisa, menos de 3 a cada 10 jovens dizem conversar com frequência sobre a temática ambiental. O diálogo é ainda menos presente para aqueles que não sabem em qual bioma estão inseridos, mostrando um maior distanciamento com as questões do meio ambiente. Quem mais conversa com frequência sobre o tema são jovens LGBTQIAPN+ (39%) e moradores de territórios tradicionais (38%). Mulheres também são mais envolvidas com esse debate (29%).
Jovens relatam ter iniciado o contato com o tema ambiental na escola, em aulas de geografia ou educação ambiental, mas de forma superficial. Onde a identidade local está fortemente relacionada ao bioma (Amazônia, Pantanal, Pampa, Caatinga), o debate é mais presente no dia a dia. Outros jovens relatam que se interessaram mais depois de adultos, por conta da faculdade ou discussões políticas, onde conseguem aprofundar conhecimentos sobre a importância dessa pauta.
O relatório traz também pontos bastante positivos, como o fato de 80% dos jovens acharem que comunidades tradicionais colaboram com a preservação do meio ambiente; 8 a cada 10 jovens concordam que reservas ambientais ajudam a diminuir os efeitos das mudanças climáticas; 61% prioriza o investimento em fontes de energia alternativas, limpas e renováveis; 37% defende a ampliação de políticas de preservação ambiental; e 35% priorizam o investimento em ciência, pesquisa e tecnologias.
Além das percepções das juventudes, o projeto elaborou também um documento com recomendações e diretrizes, produzido por especialistas e juventudes, apontando caminhos para a construção de alternativas e soluções; como a promoção de educação ambiental e climática nas escolas e fora dela, implementação de políticas públicas que viabilizem ações territoriais sobre mudanças climáticas, geração de mais empregos verdes no Brasil, além de outras frentes.
>> Acesse na íntegra:
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