Publicado em
11/09/2024
O quilombola vive em uma das maiores e mais conservadas áreas tradicionais do país. O lugar, porém, é alvo de cobiça por parte do setor minerário e do monocultivo.
Por Elvis Marques
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O maior território de remanescentes de escravos do país, o Quilombo Kalunga, com uma área de aproximadamente 262 mil hectares, está situado no coração do bioma Cerrado, e incide em três municípios do estado de Goiás: Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás. A área fica na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Com aproximadamente 300 anos de história, o Quilombo Kalunga é composto por 39 comunidades e 8.500 pessoas, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Aldair Paulino, morador da comunidade Engenho 2 e membro da Associação Quilombo Kalunga (AQK), criada nos anos 1990 para representar juridicamente a população tradicional na luta pelo território, contou, em entrevista à Revista Casa Comum, alguns dos principais desafios enfrentados pela população tradicional.
“O principal objetivo da AQK é a retomada das nossas terras ancestrais que estão nas mãos de invasores e grileiros das áreas mineral e agrícola”, explica Aldair.
“Os avanços e as invasões em nosso território ficaram mais fortes durante o último governo federal. Nós sofremos bastante com várias liberações para pesquisa de minério em nossas terras. Havia muita gente derrubando o Cerrado” – Aldair Paulino
A destruição do fogo
Após a entrevista com Aldair, realizada entre os meses de julho e agosto deste ano, outra ameaça chegou ao Cerrado: os incêndios.
De acordo com dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), o bioma já teve mais de 142 mil hectares consumidos pelo fogo nos incêndios de 2024, o que corresponde a 15,8% da área do Cerrado.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros está há quase uma semana em chamas. Em nota enviada à imprensa de Goiás, a administração do local informou que são quase 100 pessoas atuando no combate ao fogo na região, entre brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do PrevFogo Ibama e voluntários, que estão atuando 24 horas por dia.
Fique por dentro
Aldair Paulino é um dos entrevistados para a reportagem de Destaque da 10ª edição Revista Casa Comum, que será lançada na próxima terça-feira, dia 17, durante uma live na página no Instagram da Revista, às 19h.
Crise socioambiental: um desafio de todos(as)
A iniciativa traz uma produção multimídia composta por textos, podcasts e vídeos, com o objetivo de conferir mais espaço para que Daniel Audibert, Ana Maria Sousa Farias, Aldair Paulino, Alida Gómez e Maria Clara Salvador – pessoas ouvidas pela reportagem Em Destaque da 10ª edição da Revista Casa Comum – compartilhem de que forma a emergência climática afetou sua vida e seu sustento e o porquê a crise socioambiental vigente é um assunto de todos, mesmo que os efeitos sentidos por cada um(a) sejam diferentes.
Clique no banner abaixo e conheça a série na íntegra.
Série especial da Revista Casa Comum apresenta cinco histórias de vida de pessoas que, de alguma forma, foram afetadas pelos efeitos e consequências da crise socioambiental.
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