Publicado em
24/04/2025
A dança, a poesia, a culinária, a construção artesanal de um instrumento musical, o jeito de fazer um plantio… Tudo é cultura e retrata o modo de ser, de viver e sentir de um povo. Neste ensaio, três artistas trazem sua arte em fotografias para dar luz à cultura brasileira.
Getting your Trinity Audio player ready...
|
Sarau da Brasa: chão que acolhe
Por Sonia Regina Bischain
O Coletivo Cultural Poesia na Brasa foi o quarto sarau a surgir na cidade de São Paulo. Atua no bairro de Vila Brasilândia, periferia da zona Norte, desde julho de 2008, promovendo saraus mensalmente. É um espaço aberto à população, frequentado por moradores, professores e alunos da região, no qual todos podem expor, expressar e partilhar arte: poesia, cordel, dança, música, fotografia, artes plásticas, grafite, artes cênicas… Promove, assim, além do sarau, ações culturais, musicais, teatrais e literárias.
Nesses 16 anos, publicou 15 livros, entre antologias e livros autorais de participantes do sarau. Atua em escolas do bairro e em bibliotecas, Centros de Educação Unificado (CEUs), SESCs, Fábricas de Cultura, Centro Cultural da Juventude (CCJ) e em cidades do interior de São Paulo e outros estados. Participouda 40ª feira do Livro em Buenos Aires, na Argentina, e do IV Encontro Internacional de Poesia Hablada, em Havana, Cuba.
“Os saraus constroem narrativas, abrem caminhos, fortalecem as lutas, celebram o encontro cultural entre poetas, artistas e moradores do bairro. Estas fotos partilham a memória desses encontros.”
As manifestações dos invisibilizados
Por Thomas Bauer
Capturar momentos, lugares e pessoas, que celebram crenças e costumes de maneira coletiva e diversa, seja por meio de danças, sambas e/ou folias, tem um valor inestimável. O registro das manifestações culturais de grupos sociais invisibilizados e/ou esquecidos, ajuda a combater a discriminação e o preconceito, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
“Neste sentido, espero estimular o interesse e a busca por mais informações e reconhecimento, bem como ajudar na visibilidade e na preservação da cultura popular para gerações futuras.”
Raízes que celebram: a festa do Maracatu e culturas populares
Por Mauricio Velloso
Em comemoração aos sete anos de existência do grupo de Maracatu Mar de Kaiala, a cidade de Cananéia, litoral do Estado de São Paulo, se transformou em um verdadeiro palco de tradições e ritmos. O evento, que ocorreu nos dias 2 e 3 de agosto de 2024, reuniu uma rica diversidade cultural, congregando grupos de capoeira, coco de roda e outras manifestações populares, em uma celebração que foi muito além da música e da dança. A festa começou com apresentações vibrantes, em que cada grupo trouxe à tona a força e a beleza de suas tradições, em um espetáculo que cativou moradores e visitantes.
O ponto alto foi o cortejo pelas ruas da cidade, no qual os participantes, vestidos com roupas coloridas e adereços típicos, desfilaram ao som dos tambores e das melodias que ecoavam. O Maracatu liderou a caminhada, carregando consigo sua simbologia e ancestralidade, enquanto os grupos de capoeira e coco de roda completavam a noite com performances cheias de energia e expressão corporal.
“O evento não foi apenas uma comemoração, mas também uma homenagem à cultura popular brasileira, reafirmando a importância de manter vivas essas tradições. Cananéia, com sua atmosfera acolhedora, tornou-se o cenário perfeito para celebrar a união, a história e a arte que conectam as pessoas através do tempo e da diversidade cultural.”
Sonia Regina Bischain nasceu e morou na Vila Penteado, distrito de Brasilândia, em São Paulo. É editora independente, escritora, fotógrafa e designer gráfica. Diagramou e ilustrou inúmeros livros de autores da periferia de São Paulo. É uma das organizadoras do Sarau da Brasa, desde o seu início em 2008. Participou em muitas antologias poéticas, algumas bilíngues, e em eventos literários no Brasil, França, Cuba, Paraguai, Chile e Argentina. Autora de livros de poesia, contos, crônicas, romances e fotografias. Seu romance Nem tudo é Silêncio foi estudado na Universidade de Brasília e, também, na Universidade de Sorbonne, onde a autora foi convidada para falar de sua obra.
Conheça mais em: @soniabischain / www.facebook/soniabischain / www.facebook/soniareginabischain
Thomas Bauer é nascido em Vorarlberg, na Áustria. Formou-se como construtor de barcos e, em seguida, passou a atuar na área social. Participou da Academia Social Católica – ética social, economia e política – em Viena, prestou serviço civil na Paróquia de Frastanz e, logo depois, mudou-se para o Brasil, em 1996. Vive na Bahia e, desde que chegou, coopera com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e atua como fotodocumentarista, filmmaker e contador de histórias, contribuindo com pastorais sociais, movimentos, redes, articulações, organizações não governamentais e a mídia independente.
Site: www.thojbauer.com
Mauricio Velloso é fotógrafo no Vale do Ribeira desde 2002, especializado em eventos e cultura popular. Sua arte celebra a conexão entre as pessoas e suas histórias.
Conheça mais em: @mvellosofotografia / @maracatumardekaiala / @nagingadamare / @povosdamataatlantica