Publicado em
23/07/2024
Com uma trajetória na educação e na comunicação popular, Joilson Anjos, afro-indígena morador de Santarém, no Pará, decidiu cursar pedagogia a fim de trabalhar com educação nas múltiplas Amazônias.
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“A educação e a comunicação popular fizeram parte de minha história desde muito jovem, e foram o que me inspiraram a cursar pedagogia na universidade”
A fala é de Joilson dos Anjos Martins, jovem afro-indígena, nascido em Santarém, no Pará, e atualmente morador da periferia da cidade. Seu local de moradia, inclusive, se faz presente em sua fala, quando ele reforça a necessidade de que jovens possam se expressar sobre sua realidade, suas percepções e suas demandas.
Estudante de Pedagogia na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e pesquisador de iniciação científica em Educação e Artes (Música em escola de Várzea), foi no ensino superior que Joilson conheceu o termo Educomunicação e hoje adota o título de educomunicador, trajetória que compartilha no segundo episódio da série Educomunidade, uma iniciativa da Revista Casa Comum em parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom).
“Fui apresentado à Educomunicação na universidade, fazendo junção das duas, entendendo que não existe educação sem comunicação.”
Essa percepção o inspira em sua atuação. Ele trabalha com juventudes há mais de 15 anos em diferentes espaços. Atualmente, é coordenador da Pastoral da Juventude na Arquidiocese de Santarém, e reforça sua compreensão sobre a necessidade de uma comunicação mais formativa e menos deformativa.
Papel da Educomunicação na crise climática
Foi na universidade, inclusive, que Joilson fez parte da primeira turma da disciplina Educomunicação Socioambiental, tema muito importante e discutido com frequência na região.
“A Educomunicação é fundamental para discutir emergência climática pelo fato de sensibilizar a população, mobilizar o indivíduo pela forma que utilizam-se os recursos naturais, mas muito mais do que isso, questionar quem ou o quê tem provocado essa aceleração das mudanças climáticas, gerando a emergência do clima.”
Joilson comenta, por exemplo, que um dos tópicos discutidos no âmbito da Educomunicação Socioambiental é o fato de que portos têm adentrado em alguns territórios da região, o que gera um impacto ambiental significativo, além de expulsar povos de seus territórios para essa construção. A expansão do agronegócio também tem impactos, bem como as hidrelétricas.
“Quando a gente discute emergência climática, a Educomunicação tem esse papel de ajudar os povos desses territórios a falar sobre como [esses projetos] vem agredindo. Porque muitas vezes, esses grandes empreendimentos chegam sem avisar, expulsando, causando o êxodo de toda uma comunidade para as periferias das cidades. É uma emergência climática que pede uma discussão e é preciso a Educomunicação aparecer para que os povos possam ser os emissores [das narrativas] e falar sobre esses problemas.”
“A educomunicação é uma das formas de ajudar a tornar os povos amazônidas protagonistas na educação e comunicação em seus territórios”
Fique por dentro da série
Criada no formato de vídeos que serão compartilhados conjuntamente nos perfis do Instagram da Revista Casa Comum e da ABPEducom, a nova série pretende ampliar as vozes juvenis em torno do que significa fazer parte de uma educomunidade, ou seja, de um potencial movimento que possibilita diálogos em busca de um mundo mais justo e melhor para todos, todas e todes. Afinal, educomunicar é fazer parte de uma jornada coletiva pelo bem comum.
Ao longo do ano, serão quatro depoimentos de pessoas com diferentes trajetórias e experiências na educomunicação, a fim de dividir com o público sobre o impacto dessa prática de intervenção social na formação cidadã e como ela incentiva o protagonismo, a liberdade de expressão e a promoção de direitos socioambientais.
Clique no banner e confira todos os episódios na página do Especial Educomunidade.
Série especial em parceria com a ABPEducom coloca a educomunicação e suas possibilidades em pauta.
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