Publicado em
07/03/2023
A reconstrução do país passa pelo respeito aos povos indígenas e pela promoção do acesso a direitos, como a dignidade da pessoa humana, acesso à saúde e autodeterminação dos povos; Omissão do Estado brasileiro com yanomamis é denunciada.
Por Elvis Marques
Desde a visita em janeiro, do presidente Lula e sua comitiva aos indígenas Yanomami, na região de Boa Vista (RR), a situação do povo tem sido amplamente divulgada no Brasil e no mundo, com fortes imagens, sobretudo de crianças desnutridas. Só em 2022, foram registradas 99 mortes de crianças entre um e quatro anos impactadas pelo mercúrio proveniente do garimpo ilegal, desnutrição e fome, segundo o Ministério dos Povos Indígenas.
Ainda de acordo com a pasta, nos últimos quatro anos, aproximadamente 570 crianças Yanomami perderam a vida, vitimadas por problemas relacionados ao garimpo. E, em 2022, foram confirmados mais de 11 mil casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami
“É um verdadeiro genocídio anunciado que acontece na área que sofre com o garimpo ilegal e suas consequências. Fome, intoxicação e doenças infecciosas são algumas das enfermidades enfrentadas”, denunciou, em suas redes sociais, o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.
Após a força-tarefa montada pelo governo federal, mais de mil indígenas receberam algum tipo de atendimento emergencial de saúde.
Séculos de ataques e de resistência
O histórico de conflitos e violações de direitos contra o povo Yanomami vem de longe. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre 1987 e 2013, ocorreram quatro massacres contra a etnia, vitimando 30 indígenas. A reportagem Uma luta de resistência centenária: Garimpeiros invadem território Yanomami e atiram contra indígenas, divulgada em maio de 2021 pela CPT, aponta registros de invasões de garimpeiros e criadores de gado da Terra Indígena desde 1700.
“Sempre denunciamos, mas os garimpeiros continuam lá. Ele [Bolsonaro] não está prejudicando só os Yanomami, ele está arrumando problema para o Estado brasileiro”, declarou, ainda em 2019, Dário Kopenawa, vice-presidente da Associação Hutukara, que representa o povo Yanomami, em entrevista à
Agência Pública.
Foto: Victor Moriyama / ISA
Responsabilização do Estado e mudança de governo
Para Andréia Silvério, da coordenação nacional da CPT, a superação dessa “condição histórica de violência estrutural passa pela atuação do Estado brasileiro atacando as causas geradoras dos conflitos, assim como assegurando a defesa e permanência desses povos em seus territórios.”
Entre as diversas ações tomadas pelo atual Governo Federal está a abertura de inquérito pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para a investigação do crime de genocídio contra os indígenas.
A mudança de postura do governo em relação à situação dos indígenas, simbolizada pela visita do presidente Lula à Terra Indígena, foi fundamental para jogar luz à crise que não era recente, mas foi negligenciada pelo último governo.
Com o reconhecimento público da situação de emergência por parte do governo, a mídia começou uma ampla cobertura sobre o assunto, e campanhas de solidariedade e arrecadação para os Yanomami foram mobilizadas por organizações e coletivos de todo o Brasil.
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