Publicado em
20/06/2024
2ª edição do Diálogos Casa Comum, realizada em 19 de junho e palco do lançamento da 9ª edição da revista, contou com a participação de Luciene Kaxinawá e Rodrigo Iacovini.
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“A cidade é construída coletivamente, a cada dia, seja quando vamos ao mercado, estudar, trabalhar ou em um espaço de lazer. Mas só alguns estão usufruindo realmente das cidades, enquanto outros vivem em territórios desiguais, frágeis e vulneráveis.”
A fala é de Rodrigo Iacovini, diretor-executivo do Instituto Pólis, um dos convidados da segunda edição do #DiálogosCasaComum, promovido no dia 19 de junho, pela Revista Casa Comum.
Realizado em formato de live no Instagram, a transmissão também contou com a participação de Luciene Kaxinawá, primeira jornalista e apresentadora indígena da televisão brasileira. Juntos, Luciene e Rodrigo debateram os dilemas das cidades diante da perspectiva do Bem Viver, temática central da 9ª edição da Revista Casa Comum, lançada durante o evento.
Enquanto Luciene assina um dos artigos da edição – “Aldeias ‘invisíveis’ nas cidades: indígenas enfrentam e superam desafios quando saem de seus territórios tradicionais” –, Rodrigo foi o entrevistado especial na editoria Papo Reto: “Uma cidade pensada no Bem Viver teria pessoas e natureza no centro da sua construção, defende especialista”.
A urgência da pauta climática
Uma das principais temáticas quando o assunto é direito ao Bem Viver nas cidades é a agenda climática. Vivemos, atualmente, a nível mundial, um contexto de emergência do clima, com o aumento dos efeitos e consequências das mudanças climáticas. Ponto fundamental é ressaltar que o fenômeno existe e é causado majoritariamente por ações humanas.
“O planeta, como um todo, não está comportando mais o nosso modo de viver. E eu não concordo com a afirmação de que as mudanças climáticas deixaram todos no mesmo barco. Tem uns que estão de bote salva-vidas e outros de iates. As consequências das mudanças climáticas impactam toda a população, mas de formas muito diferentes”, destacou Rodrigo.
Usando o gancho da fala do diretor do Instituto Pólis, é imprescindível reforçar que apesar de as mudanças climáticas terem a ação humana como principal fator causador, não deve-se colocar todos os seres humanos nessa conta. A 9ª edição traz uma reflexão sobre o fato de que alguns povos, historicamente, vão contra o sistema socioeconômico vigente, o capitalismo, que prega exploração de recursos e o lucro acima de tudo, o que inclui os direitos da natureza e bem-estar de outros seres vivos.
É o caso de mulheres negras, povos originários e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
Ensinamentos dos povos originários
Luciene comentou sobre soluções baseadas na natureza, tecnologias sociais e uso de conhecimentos ancestrais como um dos caminhos para amenizar os graves efeitos da mudança do clima.
“Em Rondônia, costumamos dizer que temos três estações no ano: a seca, a fumaça e as chuvas, que já não são constantes. Mas creio que é possível mudar esse cenário a partir das técnicas e sabedorias ancestrais, por meio do cuidado com as nossas águas, da terra, do plantio de árvores ao redor das nascentes e etc. Entender como os povos tradicionais trabalham em seus territórios para manter o ecossistema funcionando seria essencial para enfrentar a crise climática.”
Além disso, a jornalista também dividiu com os espectadores, por exemplo, que em uma comunidade indígena, tudo é feito a partir da participação de todos, o que pode ser um ensinamento aos(às) governantes brasileiros(as).
“Quando falamos de política, tem muita gente querendo fazer algo, como uma política pública, sem ouvir o que realmente a população quer e precisa. No nosso contexto, nenhuma liderança indígena faz nada sem ouvir os demais.”
Para Rodrigo, essa escuta ativa é passo fundamental no período eleitoral que se aproxima, tanto como uma postura dos candidatos e candidatas, tanto como uma forma de os eleitores e as eleitoras identificarem aqueles(as) que realmente se preocupam em realizar medidas que respondam às maiores demandas da população.
“No momento de votar é importante perceber quais candidatos estão abertos a ouvir a sociedade e os movimentos populares e quais incorporam as suas demandas nos planos de governo. Esse é um ótimo indicador na hora de votar.”
Fique por dentro
A 9ª edição da Revista Casa Comum já está no ar. Acesse a aba edições e fique por dentro das reportagens que pautam o direito ao Bem Viver nas cidades.
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