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Publicado em

24/04/2025

Outra economia possível brota dos territórios

Inspirado pelo chamado do Papa Francisco, Eduardo Brasileiro aponta caminhos concretos para um novo modelo econômico no livro ‘Outra economia possível: a proposta de Francisco’

Por Isadora Morena

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Foto: arquivo pessoal Eduardo Brasileiro.

O Papa Francisco partiu, no dia 21 de abril, deixando um imenso legado: a mensagem para que, ao redor do mundo, seres humanos cuidem de si, do outro e do Planeta, nossa Casa Comum. Entre suas diversas ações, o pontífice fez um chamado, em 2019, para um diálogo sobre economia. 

Frente ao colapso ecológico e social da Terra, o Papa conclamou, sobretudo, os jovens, para construírem globalmente o que ele chamou de Economia de Francisco e, que, no Brasil, passou a se chamar Economia de Francisco e Clara.  

Essa economia, baseada na partilha e no cuidado, inspirada pelos santos católicos Francisco e Clara, que há 800 anos já viviam e defendiam esse modo de vida de solidariedade e harmonia com todas as criaturas, é tema do livro Outra economia possível: a proposta de Francisco, do sociólogo Eduardo Brasileiro. 

A obra, da editora Ideias e Letras, é baseada em sua tese de mestrado, realizada na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, onde atualmente cursa doutorado. Eduardo é também coordenador da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara.

Foto: Sophia Lorrany

Em sua escrita, ele parte dos princípios de que economia é política e de que não é possível modificar estruturas políticas sem mudanças na cultura. A partir dessa perspectiva, o livro revela como o atual modelo econômico é fruto de um pacto das elites globais, que exclui os diversos povos que habitam a Terra e impõe uma racionalidade que contribui para desumanizar as pessoas. 

Contra essa lógica, o autor, a partir do enunciado do Papa Francisco, propõe um novo pacto econômico, com raízes populares e comunitárias.

O livro, que tem como principal objetivo acender a esperança das juventudes, dos movimentos religiosos e de líderes políticos, apresenta uma análise sobre a realidade econômica brasileira e compartilha diversas experiências territoriais concretas que expressam uma nova forma de fazer economia.

Com base em sua pesquisa, Eduardo defende que “nós não temos um projeto econômico para o Brasil”. Segundo ele, o país vive um tempo difícil, “ora dando continuidade aos processos pactuados pelas elites com o neoliberalismo, ora construindo o que podemos chamar de agenda distributiva, mas uma agenda distributiva mínima”. 

Apesar de reconhecer os avanços, como a criação de programas como o Bolsa Família, a política de cotas, o Sistema Único de Saúde (SUS) e a universalização da educação pública no país, o autor reflete sobre as desigualdades nacionais e a falta de políticas estruturantes frente à miséria e ao aumento da precariedade do trabalho no país.

Para o sociólogo, é preciso desenvolver um projeto popular, capaz de alcançar as maiorias. 

Em seu livro, reúne experiências ricas que o Brasil e a América Latina cultivam de alternativas econômicas, como cozinhas solidárias, hortas e feiras agroecológicas e bancos comunitários. Segundo Eduardo, esses “processos locais e territoriais nos mostram fissuras no capitalismo e, com isso, apresentamos esperanças para o povo”. 

Ao longo da obra, Eduardo aborda a relação entre o capitalismo enquanto modelo econômico vigente e atos de esperança que oferecem perspectivas alternativas. 

Segundo o autor, “não há uma adaptação da sociedade ao capitalismo”. Ele afirma que “há uma resistência e uma reinvenção da vida. Então, por exemplo, há miséria, mas há pequenos ‘brotões’ de solidariedade e de empatia nas camadas populares”.

Foto: Gabriela Consolaro

O autor deseja multiplicar esses ‘brotões’ e fazê-los florescer. Assim, o livro traz uma perspectiva de mobilização e organização. Eduardo pretende que as pessoas pensem em mobilizar lutas territoriais. De acordo com ele, é importante que “cada um[a] leia o seu território, desenvolva a capacidade de entender formas locais de solidariedade, formas de construir na sua própria comunidade caminhos para uma outra economia”.

Em Outra economia possível: a proposta de Francisco, Eduardo Brasileiro oferece uma reflexão provocadora e esperançosa sobre os caminhos para uma transformação econômica ancorada na justiça social, na solidariedade e no cuidado. 

O autor procurou ir além de uma visão tecnicista sobre economia e discuti-la como expressão dos povos, dos seus sonhos e de seus projetos.

O livro Outra economia possível: a proposta de Francisco está disponível para compra neste link. Acesse e saiba mais. 

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