Publicado em
16/05/2025
Em 2024, os assassinatos no campo tiveram uma redução em relação ao período anterior, passando de 31 para 13 vítimas. Os dados foram lançados recentemente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Por Elvis Marques
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A 39ª edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, produzida pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc) da Comissão Pastoral da Terra, uma organização vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mostra que, apesar do ano de 2024 ter apresentado uma queda nos registros de assassinatos em contexto de conflitos no campo, não se pode dizer que a violência diminuiu.
Desde 1985, a CPT registra os dados relacionados às seguintes categorias: conflitos por terra, por água e trabalhistas ocorridos no ambiente rural brasileiro. Ao somar os números referentes a essas três áreas, a Pastoral aponta que em 2024 ocorreram 2.185 conflitos no campo, uma redução de apenas 3% em relação ao ano de 2023.
“Os últimos anos têm apresentado recordes no número de registros de Conflitos no Campo no Brasil desde o início da publicação. Apesar da pequena queda em 2024, o ano passado ainda apresenta o segundo maior número de conflitos na história da CPT”, explica, na publicação, a Pastoral.
Violência contra a pessoa
Dentre as diversas informações registradas e monitoradas pela CPT está a de “Violência contra a pessoa”, que traz várias subcategorias, como assassinatos, ameaças de morte, prisão e outras.
A organização destaca que, no ano passado, foram registrados 1.528 ocorrências de “Violência contra a pessoa” com 1.480 vítimas envolvidas nos casos – sendo que esse tipo de violência é registrado contra uma pessoa ou um grupo de indivíduos. O número total de ocorrências registrou uma queda, segundo a CPT. Em 2023, foram 1.720 casos.
Apesar da redução de ocorrência, de acordo com o Cedoc, houve uma elevação no número de pessoas ameaçadas de morte em relação ao ano de 2023, passando de 219 para 272, sendo o maior índice em 10 anos.
Veja abaixo outras categorias que tiveram aumento:
Os registros de intimidação foram de 192 para 221;
Tentativas de assassinato passaram de 72 para 103, um salto de quase 50%;
Ainda em relação às tentativas de assassinato, 79% das vítimas são indígenas, sendo mais da metade delas, 52%, do estado do Mato Grosso do Sul, com os principais causadores identificados como fazendeiros, em áreas de retomada.
Trabalho análogo à escravidão
No ano de 2024, a Pastoral da Terra registrou 151 casos de trabalho análogo à escravidão rural, o que resultou em 1.622 trabalhadores resgatados. Apesar de alto, o dado representa uma queda em relação ao ano de 2023, quando houve o maior número de pessoas resgatadas da última década: 2.663. O ano passado também encerrou três anos consecutivos de crescimento deste tipo de crime.
Para a CPT, essa queda de 40% nas ocorrências e de 39% no número de resgatados em comparação a 2023 se deve à greve dos Auditores-Fiscais do Trabalho (AFTs) iniciada em março de 2024. “A paralisação tinha entre suas exigências a melhoria das condições de trabalho dos auditores, classe que sofreu com sucateamento nos últimos anos”, afirma a Pastoral.
Ao olhar os dados por estado, Minas Gerais continua a se destacar: foram 37 ocorrências e 479 trabalhadores resgatados. Na sequência aparece São Paulo, com 11 ocorrências e 357 trabalhadores resgatados; o Mato Grosso do Sul, com 19 ocorrências e 124 trabalhadores; Amazonas, com 3 ocorrências e 103 resgates; Espírito Santo e Goiás, com 6 ocorrências e 83 trabalhadores resgatados em cada estado; e o Maranhão, com 10 casos e 82 trabalhadores resgatados.
Em relação aos casos de trabalho análogo à escravidão registrados em 2024, a CPT aponta as principais atividades econômicas onde eles se concentram: no Sudeste, a maioria das ocorrência estão ligadas às lavouras de café e de cebola. No Centro-Oeste, são a pecuária e o cultivo de cana-de-açúcar. No Nordeste, destacam-se a produção de etanol e a mineração. Já no Norte, as pessoas foram resgatadas principalmente de atividades de desmatamento ilegal e garimpo. E no Sul, os casos estão concentrados no cultivo de maçã e na plantação de uva.
>> Acesse a pesquisa completa: Conflitos no Campo Brasil 2024
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