Publicado em
10/06/2025
Pesquisa “Influenciadores, jovens e política na América Latina” analisou como os jovens da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México se informam politicamente e a sua relação com as redes sociais.
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Saber quem são os influenciadores mais populares entre jovens latino-americanos; compreender quais motivos levam os jovens a seguir ou deixar de seguir influenciadores; investigar como jovens recepcionam e interagem com conteúdos de influenciadores; e entender como jovens avaliam o uso que políticos fazem das redes sociais.
Esses são os quatro principais objetivos da pesquisa “Influenciadores, jovens e política na América Latina”, uma iniciativa do InternetLab com apoio do Luminate Group.
A metodologia da pesquisa
O estudo se dividiu, em sua fase investigativa, em três frentes. Em um primeiro momento, 350 jovens de 16 a 24 anos em cinco países da América Latina – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México – responderam questionários online sobre influenciadores. Desses, 90 foram selecionados para serem entrevistados em grupos focais, sendo 30 no Brasil e 15 nos demais países.
Por fim, foram realizadas entrevistas com influenciadores e profissionais da indústria da influência com o objetivo de compreender as dinâmicas existentes na produção de conteúdos.
Analisando os influenciadores
A pesquisa dividiu os influenciadores em quatro grupos: 1. celebridades internacionais, do mundo artístico e esportivo; 2. celebridades locais, como artistas e músicos; 3. influenciadores nativos-digitais, que passaram a ser conhecidos pela produção de conteúdos nas redes; e 4. políticos-influenciadores.
Além de uma análise sobre alguns influenciadores brasileiros – como Camila Barros, Débora Aladim, Diogo Defante, Jon Vlogs, Junior Caldeirão, Paulo Muzy, Thiago Nigro e Virgínia -, a pesquisa também trouxe ponderações sobre a própria escolha dos(as) jovens em se tornar ou não um(a) influenciador(a). “Diante das perspectivas negativas em relação ao seu futuro no mundo do trabalho, ser influencer surge como horizonte possível para os jovens. No entanto, há ponderações sobre dificuldades em se tornar influenciador, como abalos psicológicos e auto exploração”, como aponta trecho da publicação.
A pandemia de Covid-19 e as diversas imposições que trouxe consigo, como a necessidade de isolamento e distanciamento social, diminuiu a convivência presencial das pessoas, o que teve impacto direto na saúde mental individual e coletiva. O cenário possibilitou, por exemplo, que houvesse mais tempo para consumir conteúdos como vídeos curtos.
Nesse sentido, 75% dos jovens têm o desejo, no Brasil, de se tornar influenciadores, “um reflexo crescente dessa profissão no cenário social e político”, traz o estudo.
Redes sociais e política
Não é novidade que as redes sociais, além de serem usadas em momentos de distração pelos jovens, também passaram a servir com propósitos de pesquisas. O levantamento mostra, por exemplo, que o TikTok é utilizado como mecanismo de busca por muitos jovens, inclusive substituindo o Google e YouTube.
Quando questionados se tinham se manifestado nas redes sociais em relação às últimas ou próximas eleições/plebiscitos no país, o Brasil saiu na frente, com 45% das respostas positivas, seguido de Chile (43%), Argentina (38%), Colômbia (26%) e México (21%).
Ainda no contexto brasileiro, 40% dos jovens brasileiros afirmaram que seguem o perfil de políticos ou partidos e 53% dos respondentes afirmaram que seguem influenciadores que se posicionam politicamente. A maioria – 73% – de jovens brasileiros que se consideram de esquerda seguem influenciadores que se manifestam politicamente. O mesmo acontece para 50% e 52% dos que se identificam como de centro ou de direita, respectivamente.
Quando questionados sobre os conteúdos políticos, os jovens afirmam que esses deveriam ser: mais informativos com mais dados, mais alinhados aos problemas reais do país e mais fáceis de entender.
A desconfiança nos conteúdos divulgados na internet foi outra agenda debatida pela pesquisa no âmbito do debate político nas redes sociais. Nesse sentido, quando questionados sobre que tipo de influenciadores transmitem mais confiança, afirmaram: especialistas no tema em questão, professores, jornalistas, políticos e ativistas/lideranças comunitárias.
Quanto a outros países da América Latina, a pesquisa aponta algumas percepções dos jovens, como o fato de que a artificialidade dos conteúdos prejudica a transmissão de valores políticos (caso de cantores e influenciadores argentinos que, supostamente, foram pagos para se manifestar contra o então candidato à presidente, Javier Milei). O estudo também traz que alguns jovens acreditam ser responsabilidade dos influenciadores se manifestar abertamente sobre situações e contextos políticos do país, como os protestos na Colômbia em 2021 sobre a reforma tributária.
Brasil: um país polarizado
A pesquisa analisa que o “Brasil se destaca dos demais países analisados pela fadiga e afastamento dos jovens em relação à política. Ao contrário dos demais países, o Brasil foi governado por um presidente de extrema-direita por quatro anos e por muito tempo vem sendo palco de uma polarização política intensa. Brigas entre familiares e amigos por conta de temas políticos se tornaram rotineiros, bem como a possibilidade de cancelamentos no ambiente de trabalho e nas redes sociais.”
O contexto contribui para que a maioria dos entrevistados opte por não discutir política com amigos, família, no trabalho ou nas redes, por medo de desencadear discussões, brigas ou até mesmo episódios de violência.
Fique por dentro
A pesquisa “Influenciadores, jovens e política na América Latina” está disponível na íntegra neste link. Acesse!
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