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Publicado em

09/12/2024

A força das juventudes na luta pelo clima: protagonismo e participação em tempos de crise ambiental

Jovens se mobilizam para fortalecer a democracia ambiental, criar redes de engajamento e garantir participação cidadã nos processos de decisão sobre o clima.

Por Karynna Luz

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Marcada pelo agravamento de eventos extremos e pela aceleração de impactos ambientais, a crise climática apresenta desafios que afetam diretamente desde os mais velhos, até os mais jovens. As atuais e as futuras gerações. 

Nesse cenário, as juventudes têm se posicionado, no Brasil e no mundo, como protagonistas de ações, movimentos e iniciativas que se mobilizam em torno de pautas socioambientais, pressionando líderes globais e propondo alternativas sustentáveis para o futuro. 

Esse protagonismo ganha contornos próprios no Brasil, ancorado em iniciativas que vão desde ações territoriais e redes de articulação à experiências que buscam conciliar justiça climática, direitos humanos e democracia.

O envolvimento das juventudes nas agendas climáticas tem raízes em uma série de eventos e iniciativas que, ao longo dos anos, fortaleceram a presença jovem nas discussões sobre o cuidado com o planeta, como a Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) e iniciativas territoriais.

No Brasil, essa trajetória é marcada pelo surgimento de propostas que unem a pauta climática com a vontade de fazer própria das juventudes. É o caso, por exemplo, do Engajamundo, “Uma rede de jovens que acredita que se mudarmos a nós mesmos, o nosso entorno e nos engajarmos politicamente, podemos transformar as nossas realidades”, como cita a própria organização no site.

A rede surgiu em 2012, depois da participação de um grupo de jovens na Conferência da ONU em Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Hoje, a organização continua promovendo a participação ativa em fóruns globais e locais.

Delegação brasileira de jovens do Engajamundo na COP29 em Baku, no Azerbaijão. 
Foto: Engajamundo / Divulgação Instagram Engajamundo, Salve a Escola da Floresta e Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós

Thalia Silva é uma das ativistas que integra o ‘Engaja’, como é chamado. Jovem amazônida, Thalia é coordenadora do Laboratório de Comunicação do Engajamundo e também coordenadora de Relações Políticas da CONJUCLIMA (Coalizão Nacional de Juventudes pelo Clima e Meio Ambiente). 

Segundo ela, a Coalizão tem lutado para que as juventudes, em todo o território nacional, tenham acesso à criação de conselhos de juventude pelo clima, com o objetivo de propor políticas públicas de maneira efetiva e garantir acesso aos tomadores de decisão e espaços de formação política, climática e ambiental.

Thalia é, inclusive, parceira da Revista Casa Comum. Além de ter integrado o comitê especial de elaboração da pauta da 10ª edição da revista – que trouxe como tema “Somos Natureza: a necessária conversão ecológica” -, a jovem foi uma das ativistas da delegação do Engajamundo na COP 29, realizada em Baku, no Azerbaijão, entre os dias 11 e 22 de novembro. 

Thalia ficou responsável por uma cobertura especial para a Revista Casa Comum, com a gravação de vídeos diretamente da COP, tratando de desafios como a própria escolha da sede da Cúpula – em um país movido por combustíveis fósseis -, até a presença jovem, a conexão das pautas trabalhadas pela Revista Casa Comum e as demandas discutidas no encontro global, entre outros pontos. 

Outros projetos e coletivos locais também têm se dedicado a ações de educação ambiental, reflorestamento, agroecologia e comunicação para sensibilizar a sociedade sobre a urgência da conversão ecológica. Algumas dessas iniciativas foram destacadas na editoria Mobilize-se, na 10ª edição da Revista Casa Comum.

As juventudes também encontraram espaços em ações institucionais, como conselhos municipais e estaduais, e em movimentos que pressionam pela implementação de políticas públicas voltadas para o enfrentamento da crise climática.

O Instituto Perifa Sustentável é um exemplo de iniciativa que mobiliza juventudes ‘em prol de uma agenda de desenvolvimento sustentável real e justa, a partir da justiça racial e ambiental’. A organização atua no desenvolvimento de projetos de educomunicação, adaptação climática para territórios vulneráveis, advocacy climático e formações como o ‘Projeto AYÊ’, um curso sobre justiça climática que prepara as participantes para espaços de decisão como a COP30, em 2025. 

O público pretendido são mulheres negras ou indígenas com 18 anos ou mais, de qualquer região do Brasil, que já atuem ou desenvolvam projetos ligados à justiça climática. As inscrições estão abertas até o dia 10 de dezembro (terça-feira).

O futuro e os desafios das juventudes climáticas

Enquanto as juventudes continuam a avançar na luta por um planeta mais sustentável, os desafios continuam e são muitos. A resistência política, a falta de espaços de participação efetiva e as dificuldades de acesso à formação política e climática são obstáculos que ainda precisam ser superados. 

Thalia Silva acredita que a mudança está em curso, mas que é necessária a intensificação das mobilizações para garantir mais espaço para as vozes de jovens nas discussões sobre o clima. 

“O primeiro passo é se entender como um agente de mudança, reconhecendo que, a partir de suas ações, muitas coisas podem mudar, desde melhorias na educação de seu território até influenciar decisões nas Nações Unidas. Compreenda seu território, bioma, realidade social, ambiental e climática onde vive. Existem juventudes influenciando políticas públicas, investimento e acesso ao essencial? Essas perguntas podem guiá-lo a identificar os problemas e, a partir daí, trabalhar com sua comunidade para realizar uma mudança estrutural”

A jovem ativista prova que esse esforço coletivo já vem mostrando resultados a partir de novas formas de se engajar politicamente e de garantir que as futuras gerações tenham voz ativa na construção de um futuro mais sustentável e justo.

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