Publicado em
19/04/2023
No Dia dos Povos Indígenas e próximo ao ATL, indígenas resistem aos ataques e violências diárias.
Mais de oito mil indígenas particiram do ATL em Brasília no ano passado. Foto: Edgar Kanaykõ/ Cobertura colaborativa – Apib
Dos 47 assassinatos em conflitos no campo em 2022, 18 eram indígenas, cerca de 38% do total. Entre esses indígenas que perderam a vida, seis eram da etnia Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul. As mortes dos indígenas ocorreram em situações de despejo ilegal promovido pela Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, além de casos de emboscadas e perseguições por parte de pistoleiros.
A liderança Vitorino Sanches é um dos seis Guaranis mortos. Ele já havia sobrevivido a uma tentativa de assassinato semelhantes enquanto trafegava pela estrada à Terra Indígena (TI). No dia 9 de setembro de 2022, no entanto, ele não conseguiu sobreviver.
As informações são da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e estão contidas no relatório Conflitos no Campo Brasil 2022, lançado em Brasília no dia 17 de abril, Dia Internacional de Lutas Camponesas e no início da Semana dos Povos Indígenas, celebrada no marco do 19 de abril.
“Além destes, as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas, somam-se ao cenário crítico de vítimas dos conflitos no campo em 2022, revelando a gravidade da situação enfrentada pelos povos indígenas e outros grupos vulneráveis que lutam pela garantia de seus direitos e pela preservação ambiental”, descreve, na publicação, a entidade ligada à Igreja Católica.
Adolescentes na mira
De acordo com os registros da Pastoral, nos últimos anos, crianças e adolescentes sofreram mais com a violência no campo. Entre 2019 e 2022, dos nove adolescentes e uma criança mortos no campo, cinco eram indígenas.
A entidade chama atenção ainda para as mortes em decorrência dos conflitos fundiários, aquelas que de alguma forma estão ligadas a disputa por terra ou território, confira:
Em 2022, dos 113 registros de Morte em Consequência obtidos, 103 foram na Terra Indígena Yanomami, em Roraima;
Destes 113 casos, 91 eram de crianças, o que representa 80,5% do total;
MobilizaçõesO futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia! é o tema da 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), que ocorre em Brasília, entre os dias 24 e 28 de abril, com organização da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Como o próprio tema do evento já diz, a APIB aponta que pelo menos 200 terras indígenas estão, atualmente, na fila para demarcação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
“Nos últimos quatro anos, do governo Bolsonaro, foi um retrocesso de direitos. Os nossos territórios sendo invadidos por pistoleiros, jagunços, onde há uma área de retomada. E hoje temos, à nossa frente, um ministério, para que possamos nos sentir, de certa forma, abraçados, em relação aos nossos territórios, porque a principal demanda do movimento indígena é a questão da territorialidade mesmo, é a demarcação, o reconhecimento das nossas terras e o respeito ao modo de vida que queremos ter nos nossos territórios”, disse, em entrevista à Agência Brasil, Val Eloy Terena, coordenadora executiva da Apib pelo Conselho Terena.
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