Publicado em
29/08/2023
Esta edição da Revista Casa Comum perpassa por narrativas e análises no campo da fé, não no sentido epistemológico de entender as formas de crença de grupos e religiões, mas de como a fé não só “pode mover montanhas”, mas também colaborar na superação das desigualdades, das ditaduras de sistemas contra a vida e, acima de tudo, na defesa intransigente pelos direitos humanos e socioambientais.
É evidente que as religiões mais antigas, e até as expressões de espiritualidade contemporâneas, têm, na sua grande maioria, como centro o acolhimento e o cuidado com os outros ou com as vidas em vulnerabilidade. No entanto, é preciso reforçar as experiências realizadas no campo da defesa e o papel social, cultural e político desses grupos mediante o projeto de democracia, de justiça e de liberdade que se espraia como utopia nos dias atuais.
Esse imaginário de “um outro mundo possível” é o motor gerado pela fé e a possibilidade da mudança e transformação. Seria ingenuidade afirmar que todo ser humano sonha com uma vida feliz? Não! No entanto, para que esse desejo seja alcançado, é preciso que condicionantes políticas, sociais e econômicas sejam desenvolvidas e conquistadas. Eis o desafio das religiões e de todas as iniciativas que se movem para a visão de um Sagrado, Deus ou Ente Criador.
A Revista Casa Comum adentra nessas experiências e processos que servem para evidenciar, reconhecer e valorizar o pacto público e institucional das religiões, igrejas e filosofias religiosas pela sua importância diante do que defendemos na história como democracia e do bem-viver. Isto porque atingem o campo subjetivo e a mobilização de pessoas para ações coletivas em prol de uma causa maior – que supera o automatismo frio e utilitarista na rotina insana dos humanos.
Por isso, a importância de se afirmar e produzir a valorização da criticidade e do compromisso com as questões socioambientais não é um apêndice, mas o indicativo certeiro e imprescindível para se trilhar o caminho da fé, da espiritualidade e, até mesmo, da experiência religiosa, comunitária ou eclesial.
Enfim, é preciso reconhecer a relevância desse tema, entender que não se pode debater ou analisar nenhum contexto ou fenômeno social e cultural do passado ou do presente sem considerar a perspectiva teológica em curso. Esse critério é fundamental para se entender o contexto societário vigente. Hoje, a democracia representativa demonstra isto de forma explícita: a influência das igrejas e religiões nas eleições e no jogo político de uma nação. Mas, para além desta análise, nos dispomos aqui a resgatar e dar luz à convocação ética e política que advém de pessoas, grupos e iniciativas de fé, para a transformação de uma realidade de injustiça.
Acreditamos num projeto comum, baseado não só no cuidado, mas no sentido mais profundo de solidariedade, que é estar e ser com os outros, independente das possíveis diferenças. Talvez a dica para a leitura das páginas que seguem desta edição seja: quais são as possibilidades e as estratégias de mobilização para despertar pessoas para o sentimento de pertencimento e de condições reais para acolher, cuidar e defender a comunidade de vida e a nossa Casa Comum?
Desafio colocado. Oxalá! Amém! Anamstê! Om!, pois como sugere Gilberto Gil: “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma ‘faiá’.”
Fábio Paes
Coordenador da Revista Casa Comum
Editorial da 5ª edição da Revista Casa Comum.
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