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Publicado em

28/07/2023

Crescente degradação no Cerrado mobiliza entidades da sociedade civil

Frente ao desmatamento no bioma, organizações lançam o Tamo de Olho, sistema de monitoramento para subsidiar órgãos e população com informações

Por Elvis Marques

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

De janeiro a junho de 2023, o bioma Cerrado perdeu 491 mil hectares de sua vegetação nativa, o que representa um aumento de 28% em relação ao mesmo período de 2022. Para se ter uma ideia, a área destruída equivale a sete vezes a capital Salvador (BA). Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), divulgados no dia 18 de julho pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

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Apenas no mês de junho, foram registrados 126 mil hectares destruídos no bioma. O IPAM aponta que os estados que compõem o MATOPIBA – fronteira de maior crescimento agrícola composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – detêm 74,7% de todo o desmatamento ocorrido no primeiro semestre no Cerrado.

Desmatamento x tamanho da área

O levantamento de dados do Instituto mostra que as grandes propriedades são responsáveis por 48% – ou 193 mil hectares – de desmatamento.

As propriedades médias respondem por 33% da destruição do bioma, algo em torno de 133 mil hectares.

E as terras pequenas concentram 19% do total de desmate, o que corresponde a 76 mil hectares.

Fernanda Ribeiro, pesquisadora do IPAM, afirma que nos últimos meses houve uma expansão do agronegócio em diferentes regiões do MATOPIBA, onde também estão concentrados os últimos grandes remanescentes de vegetação nativa do Cerrado. “O aumento repentino do desmatamento em Mirador [no Maranhão] pode ser parcialmente explicado pela expansão agrícola em direção aos últimos remanescentes, juntamente com outros fatores locais.”

Fonte: IPAM

Tamo de olho

Criado em 2021, o projeto Tamo de Olho atua na promoção de estratégias de incidência jurídica e política sobre casos de desmatamento no Cerrado, por meio de uma ferramenta capaz de priorizar casos a partir de critérios socioambientais, e na garantia de direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais. A iniciativa é da Rede Cerrado, WWF, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) e Instituto Cerrados.

A articulação das organizações surge a partir dos inúmeros alertas de degradação ambiental, e, com uma ferramenta própria de monitoramento de desmatamento, visa auxiliar o Ministério Público, Defensoria Pública, órgãos ambientais e de segurança pública para uma atuação mais eficiente no combate e no controle de ações criminosas.

A plataforma do Tamo de Olho possibilita:

  • Priorizar situações e direcionar o foco de órgãos públicos para áreas ou casos críticos;
  • Otimizar a atuação do órgão ou agência, seja para coibir o desmatamento e conversão ilegais ou para promover a defesa dos direitos territoriais dos povos e comunidades tradicionais;
  • Fortalecer o trabalho e a luta em defesa do Cerrado e seus povos, desenvolvidos por organizações de base comunitárias e da sociedade civil (OSCs), que também poderão utilizar os dados disponibilizados na plataforma.

Fonte: Tamo de Olho

Conheça outras iniciativas voltadas ao bioma Cerrado:

>> Campanha Nacional em Defesa do Cerrado
>> Rede Cerrado
>> Cerratinga: produção sustentável e consumo consciente
>> Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado

Outros conteúdos:

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