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Territórios Casa Comum

Publicado em

23/04/2025

“Eu sou filho desta terra” 

Na série especial Territórios Casa Comum, o artista indígena visual Henrique Tabajara assina artigo que celebra e aborda o significado do Abril Indígena.

Por Henrique Tabajara

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“Eu sou filho desta terra, sou memória viva dos povos que sempre habitaram o que hoje chamam Crateús. Quando olho os registros fotográficos desses meus parentes indígenas daqui, sinto uma força que ultrapassa o tempo, uma conexão que me leva direto às raízes, aos cantos, às danças, às rezas e aos olhos cheios de sabedoria dos mais velhos. Cada imagem é um testemunho de resistência, de orgulho e de presença: estamos aqui. Sempre estivemos.

Abril é um mês simbólico. É o mês em que nossas vozes ecoam mais alto; é o Abril Indígena. Mas para nós, ser indígena não é uma celebração passageira: é uma existência diária de luta, beleza e continuidade. 

Esses registros fotográficos feitos por mim mostram que nossa cultura não está presa aos livros de história: ela respira em cada ritual, em cada olhar altivo, em cada planta sagrada colhida com respeito. As imagens nos lembram da sabedoria dos nossos pajés, da arte dos nossos artesãos, das histórias contadas em roda e dos territórios que guardam não só nosso corpo, mas nossa alma. Por mais que tenham tentado nos apagar, resistimos. 

Hoje, com a força das imagens e das memórias, mostramos ao mundo que estamos vivos. 

E mais do que isso: mostramos que ser indígena é ter orgulho de uma história de pertencimento, de relação com a natureza, de cuidado com o coletivo e de sabedoria ancestral. 

Por isso, quando você vê uma foto de um indígena de Crateús, olhe com atenção. Veja além do retrato. Veja a história que ela carrega, o silêncio que ela rompe, a coragem que ela transmite.

O Abril Indígena é mais do que um marco no calendário; é um chamado para reconhecer, respeitar e valorizar os povos originários. Eu sou essa história viva.

E cada imagem, cada palavra, cada passo que dou, é uma afirmação de que meu povo continua. Que eu continuo. Que nós continuamos. E que o futuro só será verdadeiramente justo quando todos puderem enxergar a dignidade e a beleza de sermos, com orgulho, povos indígenas.”

Henrique Tabajara é artista indígena visual, da dança e da pintura com jenipapo. Tem 28 anos e é do povo Tabajara, de Crateús, no Ceará. Faz parte do grupo Tamain, é criador e produtor do movimento LGBTQIAPN+ Sem Volts. Já atuou em vários movimentos ativistas e, hoje, usufrui de sua voz, corpo e mente para levar ao mundo o que sabe fazer de melhor: sua arte.

>> Conheça mais em: instagram.com/umtabajara 

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