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Publicado em

29/08/2024

Extrema pobreza reduz 40% no Brasil; maior queda foi entre mulheres negras

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O Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades – Atualização 2024, lançado nesta semana e organizado pelo Pacto Nacional de Combate às Desigualdades*, destaca a redução de 40% na proporção de pessoas em situação de extrema pobreza, sendo que a maior retração ocorreu entre mulheres negras, 45,2%.

Outro dado importante mostra a queda de 20% no desemprego e o ganho real de cerca de 8,3% no rendimento médio de todas as fontes. Também nesse quesito o ganho é maior entre mulheres do que entre homens: 9,6% contra 7,7%. 

Apesar desses avanços, trecho da publicação afirma que “a desigualdade de renda no Brasil não se alterou e permanece em patamares elevados: 1% mais rico tem rendimento médio mensal per capita 31,2 vezes maior do que os 50% mais pobres. Em 2022, era 30,8 vezes”.

Além dos dados destacados, o Observatório monitora diversos outros indicadores, o que permite com que governos e sociedade acompanhem avanços e retrocessos, identifiquem prioridades e entendam quais políticas públicas precisam ser aprimoradas. As áreas acompanhadas incluem educação, saúde, renda, segurança alimentar, segurança pública, representação política, clima e meio ambiente, acesso a serviços básicos e desigualdades urbanas. 

“As desigualdades de raça/cor, gênero e entre regiões brasileiras são eixos transversais de análise”, explica o Observatório.

*Fique por dentro do Pacto Nacional e leia a reportagem exclusiva realizada pela Revista Casa Comum. Acesse aqui

Confira mais dados em destaque sobre avanços sociais:

– A proporção de mulheres negras de 18 a 24 anos que cursa o ensino superior foi a 19,2%, um crescimento de 12,3% em relação a 2023;
– Houve redução no desmatamento em áreas indígenas e unidades de conservação. Em relação aos alertas de desmatamento, e comparando os anos de 2022 e 2023, houve uma queda de 13,1% na área total desmatada no país. A queda foi muito expressiva na região norte: 46,4%.

Retrocessos recentes:

– Aumento na proporção de crianças indígenas sofrendo com desnutrição entre 2022 e 2023: 16,1% entre meninos indígenas, e 11,1% entre meninas indígenas;
– Aumento na ordem de 22% na proporção de mortes por causas evitáveis entre 2021 e 2022;
– Aumento de 5% na mortalidade infantil, entre 2021 e 2022;
– Aumento de 30% nas emissões de CO2 per capita, entre 2019 e 2022;
– Aumento no déficit habitacional para 6,4 milhões de domicílios, entre 2019 e 2022.

Desigualdade em gênero e raça

Se por um lado a situação de extrema pobreza reduziu entre as mulheres negras, por outro, elas continuam ser as que mais sofrem com a insegurança alimentar moderada e grave: são 37% das famílias, enquanto entre homens não negros o índice é de 20%.

“O rendimento médio mensal da mulher negra, por sua vez, é de apenas 42%, quando comparado ao homem não negro, sendo que o seu desemprego é mais do que o dobro: 5,2% para o homem não negro contra 11,5% da mulher negra”, aponta o relatório.

De acordo com a pesquisa, o homem negro continua apresentando maior exclusão do sistema educacional, sendo a taxa de escolarização líquida no Ensino Médio de 66% em 2023, contra 78% da mulher não negra. 

Outro dado que chama a atenção é a proporção de mortes por causas evitáveis para pessoas entre 05 e 74 anos: entre os homens negros esse indíce subiu de 42 para 50% entre 2021 e 2022. Essa porcentagem é o dobro quando comparada às mulheres não negras (25%).

Balanço 2023-2024

Em 2023, o primeiro Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades se debruçou sobre 42 indicadores para serem monitorados a partir de então. 

A publicação anterior, também lançada em agosto, buscou, segundo a organização, estabelecer uma linha de base a partir da qual a atualização anual permitiria um olhar comparativo para saber em quais áreas o país avançou e em quais seriam necessários maiores esforços e prioridades. 

Ao analisar as informações monitoradas desde então, o Observatório explica que, em síntese, uma boa parte dos indicadores, 44%, apontam para uma direção positiva, de evolução nas condições para a redução das desigualdades. Já 21% apresentam uma variação negativa, o que serve como alerta para que as políticas públicas sejam aprofundadas. 

Por fim, 14% dos marcadores mostraram pequenas oscilações, de forma que podem ser considerados neutros.

Fique por dentro 

Todas as informações estão disponíveis no portal  do Observatório Brasileiro das Desigualdades. Acesse

A atualização 2024 do Relatório foi lançada durante a Semana de Combate às Desigualdades 2024, uma iniciativa promovida entre os dias 26 e 28 de agosto, em Brasília (DF), pelo Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades.  

O lançamento do Relatório foi transmitido pelo canal do UOL no YouTube. 

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