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Coluna Paulus Social

Publicado em

23/11/2023

Fake News também destroem o meio ambiente

Por Ângela Paula Gouveia*

Iniciativa do Observatório do Clima, o site Fakebook.eco – combatendo a desinformação ambiental que tem como objetivo combater a desinformação, sistematizar a educação ambiental e evidenciar as distorções e os mal-entendidos que rondam esse debate no Brasil

Certamente você já ouviu falar de fake news, neologismo usado para nos referirmos a notícias falsas. A partir do ano 2016, com o uso maciço e intencional desse recurso no campo político, o conceito se tornou onipresente e começou a fazer parte do nosso cotidiano.

O termo fake news originou-se nos meios tradicionais de comunicação, mas se difundiu sobretudo na mídia online, encontrando terreno fértil nas redes sociais como Facebook e WhatsApp. Trata-se de publicações com conteúdo falso, que viralizam nas redes digitais, imitam o jornalismo, com verossimilhança, sem fonte ou produtor claro.

Podemos dividi-las em, pelo menos, sete tipos (sátira ou paródia, falsa conexão, conteúdo enganoso, contexto falso, conteúdo impostor, conteúdo manipulado e conteúdo fabricado). Mas, importante mesmo, é saber que carregam sempre uma intenção e um propósito bem determinados, normalmente de teor político, econômico ou ideológico. E aqui chegamos ao tema proposto para nosso artigo: as fake news interferem no meio ambiente. Por que existem tantas notícias falsas ligadas ao clima, às florestas, aos mares, ao aquecimento global e assim por diante? Quais são os interesses por trás dessa “desinformação”? Por que elas se propagam tão rapidamente?

A cultura digital nos possibilitou o acesso à informação como nunca antes na história da humanidade. Ao mesmo tempo, hoje somos dominados pela falta de informação. Que contradição! Embora tenha aumentado a democratização do jornalismo, notamos um aumento significativo da manipulação de dados e fatos. Nessa onda, o ambiente também sofre, pois, como insiste o Papa Francisco, na sua encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da Casa Comum: “Tudo está interligado” (LS 91), tudo está conectado.

Hoje, os fatos pouco ou nada representam, diante da facilidade com que podem ser manipulados ou alterados. O avanço da inteligência artificial potencializa ainda mais tais manipulações. Já foi o tempo em que não se argumentava contra fatos. Atualmente, se questiona até mesmo a eficácia de vacinas, evolução que levou séculos de trabalho, ou ainda o fato de o planeta ser uma esfera e estar ligado a outros astros em um sistema solar, só para citar alguns dos maiores absurdos. Questiona-se tudo, ao mesmo tempo em que se acredita em tudo, concretizando as previsões de uma das mais influentes do século XX – em referência ao Estado totalitarista que conduz à massificação das mentes.

A verificação de fatos não é suficiente quando as pessoas buscam apenas confirmar seus anseios ou opiniões. De fato, a grande propagação de fake news se deve a elas parecerem mais “bonitas” e “agradáveis” do que a verdade. Exemplo disso são as inúmeras inverdades sobre o aquecimento global, o desmatamento, a mudança climática planetária, a desertificação etc. As tragédias presenciadas na região Sul do Brasil este ano, apenas para citar um exemplo, não são vistas como indícios de uma verdade, mas simplesmente como “acaso”. Não são reconhecidos os interesses políticos e econômicos que se sobrepõem aos efetivos impactos socioambientais.

O Observatório do Clima (OC), rede composta por diversas organizações não governamentais e movimentos sociais, lançou recentemente o site Fakebook.eco – combatendo a desinformação ambiental que tem como objetivo combater a desinformação, sistematizar a educação ambiental e evidenciar as distorções e os mal-entendidos que rondam esse debate no Brasil. A plataforma procura trazer esclarecimentos sobre os principais mitos quando o assunto é meio ambiente, além de verificar o discurso de autoridades públicas e notícias falsas que circulam pelas redes.

Dentre as diversas seções, encontramos a área “verificamos”, com confirmação ou não de declarações dadas por autoridades referentes ao meio ambiente; e a seção “mitos x fatos”, que expõe as fake news mais comuns sobre clima, florestas, regulação e uso de terras.

Para uma consistente cidadania digital, enfim, cada um de nós deve se empenhar na identificação e exposição das fake news. Seguindo esses simples passos, todos poderemos contribuir: leia além do título, cheque os autores, procure fontes de apoio, cheque a data da publicação, questione se é uma piada, revise seus preconceitos e consulte especialistas.

>> Acesse a plataforma digital: bit.ly/RCC_07_92

*Ângela Paula Gouveia é formada em Gestão Ambiental pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Atuou no projeto social Estrela em Ação, da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio, e na criação e desenvolvimento de projetos da Erê Lab, empresa focada em recuperar e fortalecer o senso de cidadania por meio de brinquedos em espaços públicos urbanos. Atualmente dedica-se sobretudo à proteção dos animais.

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