Publicado em
28/01/2025
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A verdadeira comunicação não admite uma só voz, um só sujeito, a transmissão, a transferência, a distribuição, um discurso único, mas sim a possibilidade de muitas vozes, alteridade cultural, independência e autonomia dos sujeitos, inúmeros discursos, enfim, estruturas radicalmente democráticas, participativas, dialógicas.
A fala do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, reflete, em poucas palavras, o que, para nós, da Revista Casa Comum, representa comunicação e como, de fato, devemos colocá-la em prática. Muito mais do que apenas meio e instrumento de transmissão de mensagens – visão esta predominante em nossa sociedade –, comunicação, em sua origem, do Latim “communicatio”, quer dizer “tornar comum”.
Mas como, afinal, tornamos os movimentos e aconteci- mentos do mundo comuns? É preciso que haja diálogo, proximidade, conexão, troca. É necessário que as muitas vozes da sociedade tenham oportunidade e espaço para se colocarem, para tornar comum seus sonhos, suas crenças, seus desafios, suas vidas. É preciso que essa comunicação nos faça caminhar em direção ao mesmo horizonte: em busca do bem comum para a garantia de todos os direitos, nessa nossa Casa Comum.
Como bem destaca a organização Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social (organização que trabalha pela efetivação desse direito em nosso país), muitas vezes, a mídia, se por um lado pode atuar para a construção de uma sociedade democrática, por outro, ao negar o direito à liberdade de expressão de setores significativos, invisibilizando suas reivindicações por direitos, viola um direito essencial e ainda faz com que outros deixem de ser conhecidos, reconhecidos, reivindicados e efetivados.
Um debate mais do que urgente diante de um cenário cada vez mais marcado por desinformação profunda, que incentiva a circulação de mentiras de forma exponencial e de ferramentas tecnológicas que reforçam e aprofundam racismos e preconceitos. Vivemos num contexto de muitas disputas e narrativas manobradas politicamente. Precisamos entender que a comunicação é parte de um projeto político de sociedade. Aquilo que se comunica mobiliza mentes e corações.
E é por isso que o direito humano à comunicação é tão fundamental para a democracia e o destino da sociedade e, portanto, tão caro à Revista Casa Comum, sendo a base de sua existência. O projeto, criado em 2022, entra em seu terceiro ano de existência com a proposta de articular e convergir as ações e as agendas de incidência política de organizações, coalizões, movimentos, coletivos e redes que atuam em defesa de direitos humanos e ambientais, a partir do valor franciscano do diálogo.
A perspectiva é o fortalecimento das ações populares, produção de conteúdo crítico e disseminação de informações qualificadas referentes aos direitos humanos e ambientais, a fim de gerar conhecimento e incentivar o engajamento e a mobilização social em torno de temas urgentes do país.
O fazer colaborativo, justamente, é um dos pilares de atuação da revista. Por isso, buscamos, em todas as nossas ações, identificar e envolver atores e iniciativas para uma perspectiva coletiva e comum. Com isso, contamos com o apoio de uma série de parceiros que fazem parte da Rede Casa Comum, compartilhando conhecimentos, qualificando o conteúdo e colaborando com disseminação da revista em diferentes espaços nos quatro cantos do país.
É por isso, também, que esta edição é tão especial para nós. Ela permite dar luz ao que acreditamos. Por meio de nossas reportagens, matérias, podcasts, produção audiovisual etc. – seja aqui na revista impressa, na revista digital seja nas redes sociais – buscamos evidenciar vozes, saberes e reflexões a partir daqueles que vivem e são marginalizados pelo sistema vigente.
Para tal, inclusive, criamos, a cada edição, o roteiro formativo Trilha de Saberes, que vem encartado na revista. A ideia é que a Trilha se torne uma ferramenta efetiva para grupos, coletivos, movimentos etc., que queiram colocar em prática essa comunicação engajadora, coletiva e comunitária. A proposta é que possam explorar todo o conteúdo da revista em momentos de encontros, rodas de conversa e formações, incentivando a reflexão e o engajamento de cidadãos e cidadãs em iniciativas de transformação social.
Esperamos que as histórias, experiências e práticas, relatadas ao longo destas páginas, possam ajudar você, caro leitor, a ter um olhar crítico para a realidade e gerar a participação ativa na sociedade, exigindo uma comunicação cada vez mais plural, que favoreça o protagonismo dos sujeitos envolvidos.
Esse é o caminho no qual acreditamos. E você?
Daniele Próspero
Editora da Revista Casa Comum
Fábio Paes
Coordenador da Revista Casa Comum
Paulo Freire. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p.25
Apesar do Brasil possuir altos índices de conectividade à internet, especialistas afirmam que o direito à comunicação vai além de um aparelho eletrônico em mãos. Com tanta conexão, a desinformação surge como risco. Nesse contexto, educação midiática e projetos de lei tentam mudar o cenário.
Publicado em
29/01/2025
Pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Université Paris II, Nina Santos aborda regulamentação das plataformas digitais, impacto na democracia, combate à desinformação e promoção da informação de qualidade, inteligência artificial e algoritmos racistas.
Publicado em
28/01/2025
Em um mundo inundado de informações, entender como
a comunicação funciona é crucial para navegar nesses
oceanos com segurança e discernimento. Temas como
funcionamento de algoritmos, acesso a dados, limites da
liberdade de expressão, reconhecimento de informação
falsa, entre tantos outros estão cada vez mais presentes no
nosso dia a dia.
Publicado em
27/01/2025