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Retrato Brasil

Publicado em

17/09/2024

Olhares dos povos originários e tradicionais para a emergência climática

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2ª Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília, em 2021. Foto: Camila Mīg3

A imagem que traz os desafios de quem vive, na pele, os impactos da crise socioambiental. A imagem que mostra a conexão com a Natureza, a preservação das matas e dos rios, o cuidado com a Mãe Terra. A imagem que mostra a luta, a ação e a resistência. Essa é a proposta deste Retrato Brasil, que conta com a participação de três convidados(as), de diferentes partes do Brasil, para apresentarem seus olhares e ações.

“Os registros fotográficos sempre me fazem pensar que nossas histórias e rostos precisam sair da invisibilidade. Muitas vezes, nossos territórios quilombolas vivem às margens do esquecimento, e entendemos que a comunicação, a fotografia, é uma ferramenta crucial para a transformação social, cultural e econômica, além de fundamental para a estruturação de políticas públicas. Precisamos lutar contra o racismo ambiental, institucional e estrutural que invisibilizam as comunidades quilombolas e escondem suas riquezas”, destaca Ailton Borges, quilombola e gerente de Promoção dos Direitos Quilombola do Estado do Pará e um dos fotógrafos que assinam esse Retrato Brasil.

Camila Mīg, mulher indígena Kanhgág – que também traz seu olhar nas fotografias deste Retrato Brasil – concorda e ressalta que, para ela, a fotografia e o audiovisual são instrumentos de luta para os povos indígenas, pois captar a rotina de encontros durante o ano para acompanhar a agenda anti-indigenista se faz necessário a fim de garantir a sobrevivência de muitos povos do Brasil.

“Muitas vezes o nosso estúdio fica nas ruas rumo ao Con- gresso, ao Supremo Federal ou à Esplanada dos Ministé- rios. Nunca estivemos contra o progresso. Preservar é o progresso para que as gerações futuras existam, não só a dos nossos povos, mas sim do planeta todo e de todas as espécies. Nós humanos somos apenas uma espécie dentro da Natureza. O Homem precisa entender que a Terra não pertence a ele, e sim que nós pertencemos à Terra!”, ressalta.

E é essa importância da preservação que Cintia Matos, quilombola e fotógrafa – que também assina esta edição –, traz como ação tão essencial e que vem acompanhando nas atividades realizadas no Quilombo Bela Aurora, no Pará.

“Com os impactos chegando nas comunidades tradicionais da Amazônia paraense, os moradores do Quilombo começaram a ver a diferença no aumento da temperatura e na variação do nível do rio que, a cada ano, sobe um pouco mais; o período da cheia que antes era de três meses se prolongou para quatro a cinco meses. Com todo esse desequilíbrio, os moradores buscam criar novas estratégias para lidar com a situação, como a formação, por meio de palestras e oficinas, sobre como trabalhar com a terra de uma maneira que não cause tantos impactos sem deixar os saberes tradicionais de lado.”

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