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Publicado em

15/06/2023

Promoção de uma educação antirracista: urgente e necessária

Conheça materiais como jogos, podcasts, livros, pesquisas, entre tantos outros formatos, que apoiam educadoras e educadores nessa tarefa.

Por Adriana Carrer

Criança sem-terrinha lê enquanto tratores derrubam seu barraco em ocupação na zona rural do Distrito Federal. Foto: Matheus Alves

Numa sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. A frase é da filósofa, escritora, professora e ativista estadunidense Angela Davis e aponta para um caminho importante para a sociedade: a responsabilidade de cada pessoa na luta por uma sociedade mais equitativa e justa.

Como mudar estruturas, posturas e ações nesse sentido? O caminho, com certeza, começa pela criação de vivências nos espaços educativos, sejam eles formais, não formais e informais, nos quais a educação seja de fato emancipadora de sujeitos, na qual todas e todos possam se entender no mundo e nas suas relações. Ou seja, uma educação libertadora.

A tarefa não é fácil, principalmente diante do contexto brasileiro, quando o cenário aponta, por exemplo, que, entre estudantes de 14 a 19 anos que deixaram de estudar e não completaram a Educação Básica, 70% são pretos e pardos (PNAD Educação, 2019). A escola, sistematicamente, expulsou e expulsa a população negra.

Questionamentos, como “de que maneira eu não alimento um sistema hierárquico racista? De que maneira posso construir espaços em que diferentes saberes, epistemologias e culturas possam se mostrar e serem valorizadas?, são perguntas importantes a serem feitas por educadores e educadoras, a fim de colaborar na construção de espaços educativos que valorizem diferentes saberes e que implementem pedagogias que reconhecem o racismo para transformá-lo, comprometendo-se para uma educação de relações étnico-raciais positivas e valorizando a história e a cultura dos afro-brasileiros e dos africanos.

Para colaborar nesse processo, diversas iniciativas, em diferentes linguagens, têm sido criadas para trazer o tema para debate e apoiar educadoras e educadores na tarefa de promover uma educação antirracista. São jogos, podcasts, livros, pesquisas, entre tantos outros formatos. Conheça alguns desses projetos e materiais de referência no assunto e mobilize-se também por essa causa:

PESQUISAS E DADOS

Sua escola é (anti)racista?:

Iniciativa de mapeamento da organização “Quero na Escola” para mapear o que as escolas têm feito para combater o racismo nas suas instituições e ações antirracistas realizadas dentro das escolas, para além da Lei 11.645/2008. Professores e estudantes de todo o Brasil podem participar por meio de consulta online. Para quem participar da pesquisa, é possível solicitar apoio para implementação de ações antirracistas na sua escola.

Observatório da Branquitude:

Primeira organização no país a trabalhar com a centralidade temática na análise da identidade racial branca e suas estruturas de poder. O Observatório nasce, em 2022, com foco em produção e disseminação de conhecimento na incidência estratégica centrada na branquitude, em suas estruturas de poder materiais e simbólicas, pontos cruciais nos quais as desigualdades raciais se solidificam. A organização atua contínua e sistematicamente produzindo materiais a serem disseminados na sociedade. No site, é possível acessar o acervo digital da Biblioteca Guerreiro Ramos e publicações próprias do Observatório.

Dicionário Excluídos da História:

Fruto da 11ª Olimpíada Nacional em História do Brasil, em 2019, o projeto contou com a participação de 6.753 alunos de todo o Brasil, para criar um dicionário que conta com 2.251 verbetes sobre personagens raramente estudados na historiografia tradicional. Os estudantes foram convidados a refletir sobre as pessoas que a história invisibilizou ao longo do tempo e a produzir um material destacando pessoas que eles consideram relevantes de serem incluídos.

ANANSI – Observatório da Equidade Racial na Educação Básica:

Entre as diversas iniciativas do Observatório, o projeto conta com um acervo público e digital que reúne pesquisas, materiais didáticos e literatura infantojuvenil para apoiar educadores na construção de uma educação antirracista nas escolas.

MATERIAIS DE COMUNICAÇÃO

Manifesto Antirracista:

A edição 117 da Revista Viração, produzida pela Viração Educomunicação, traz um manifesto antirracista e pauta o racismo em suas múltiplas formas: racismo estrutural e suas implicações na sociedade, no meio ambiente, na religião, no mercado de trabalho, na segurança pública, no sistema de saúde, nas manifestações culturais, na educação e na moda.

Para essa edição, foram desenvolvidos podcasts, artes, artigos para a Agência Jovem de Notícias e vídeos para aprofundamento nos assuntos referenciados nas páginas e publicados nas redes sociais.

Histórias em quadrinhos “Cumbe” e “Encruzilhada”:

As obras são de autoria do artista, quadrinista premiado e educador Marcelo D’Salete, e retratam essa temática com narrativas ficcionais, que promovem o debate frente às páginas desenhadas e impressas com suas histórias. Os personagens presentes nas histórias são fruto de relatos policiais que falavam sobre os negros nos documentos do Brasil colônia, mas que se mostram atuais, confrontando com a realidade do país hoje, que mata mais a população negra da periferia. Na obra Cumbe, o artista retrata, de forma inovadora, a luta dos negros no Brasil colonial contra a escravidão e os movimentos de resistência. Já em Encruzilhada, o desenhista traz reflexões sobre como as marcas de produtos se conectam nas mídias e como se apresentam nas relações interpessoais dos jovens hoje.

TV Pelourinho:

Produtora social que tem como objetivo capacitar e incluir jovens, a maioria negros e LGBTQIA+, das periferias de Salvador, na Bahia, para o mercado audiovisual. O projeto recebe a coordenação pedagógica de Gabas Machado, ativista de uma educação para o “Akilombamento”. Todos os materiais produzidos são publicados nas redes sociais.

Podcast PodCuriar – Episódio #003 – Educação antirracista: uma aula de inglês com Emicida:

O episódio discute sobre consciência negra na sala de aula e como educadores(as) devem atuar por uma educação antirracista e pela construção de uma sala de aula que valoriza conhecimentos diversos. O professor Samuel Godinho contou, no papo, um pouco sobre como uma música do Emicida e um comprometimento com a realidade dos estudantes pode fazer toda diferença.

Podcast Ideias Negras:

Podcast de entrevistas com negras e negros sobre suas iniciativas e reflexões transformadoras. Cristina Fernandes, uma das criadoras do projeto, conta que se inspirou no crescimento de podcasts no país, em 2017, e idealizou um projeto no qual pudesse reunir entrevistas com homens e mulheres negras que tivessem um trabalho bacana para compartilhar, e contribuir assim para transformar essa realidade no país.

JOGOS

Jogo do Privilégio Branco:

Com criação do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), o jogo tem como objetivo mostrar como a desigualdade racial é uma desvantagem em todos os aspectos da vida de uma pessoa negra e culmina, ao final da dinâmica, em uma tomada de consciência da branquitude, convidando a todos e todas para dizerem “Sim à Igualdade Racial” e mudar essa realidade.

Jogo da Lei 10.639:

Criação do Porvir e Piraporiando, o jogo é uma ferramenta gratuita que consiste em tabuleiro e sete cartas, que trazem questionamentos disparadores aos jogadores. O enredo conta a história de um professor que almeja implantar a lei na escola e como isso vai se desenrolando.

Jogo Mira Certa:

Idealizado pelo Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (Cami), o jogo é um aplicativo de celular que tem como objetivo educar os jogadores sobre direitos humanos, especialmente dos direitos de migrantes e refugiados. É necessário completar algumas missões, que visam refletir sobre essas populações e aprender sobre o combate ao trabalho análogo à escravidão. O jogo está disponível na Google Play Store.

Afro-históricos – jogo de personalidades negras:

Resultado de um trabalho final do curso de Design da EBA/UFBA, trata-se de um jogo de cartas que se propõe a divulgar, de forma lúdica, as personalidades negras que contribuíram para a história do país e, assim, fortalecer a representação positiva dos negros e negras na sociedade brasileira.

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