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Territórios Casa Comum

Publicado em

29/04/2024

“Sou um guerreiro digital”, diz Renan Khisetje, indígena do povo Khisetje 

Indígena do povo Khisetje, da Terra Indígena Wawi, do Mato Grosso, compartilhou momentos do Acampamento Terra Livre no especial Territórios Casa Comum por meio de uma cobertura fotográfica.  

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Foto: Renan Khisetje.

Abril é um mês singular quando fala-se em articulação, mobilização e ativismo indígena. Além do 19 de abril que marca o Dia dos Povos Indígenas, é durante o Abril Indígena que acontece o ATL, sigla para Acampamento Terra Livre, uma mobilização realizada anualmente em Brasília, que reúne milhares de indígenas representantes de diferentes povos de todo o país para debates e ações coletivas em defesa dos direitos dos povos indígenas. 

Durante os dias 22 a 26 de abril, aconteceu a 20ª edição do ATL, ao que a Revista Casa Comum contou com uma cobertura fotográfica de autoria de Renan Khisetje, indígena do povo Khisetje, da Terra Indígena Wawi, do Mato Grosso. As fotos figuram no especial Territórios Casa Comum, a nova iniciativa da Revista Casa Comum que visa abrir espaço para diferentes vozes indígenas relatarem seus costumes, lutas e experiências. 

Confira a seguir um pequeno relato de Renan, cineasta, diretor de cinema, fotógrafo e comunicador indígena, sobre sua participação no ATL. 

O ATL 2024 – Acampamento Terra Livre -, aconteceu entre os dias 22 e 26 de abril, em Brasília (DF), e teve como tema ‘Nosso marco é ancestral, sempre estivemos aqui’.

O ATL completou 20 anos. A primeira edição foi realizada em 2004. Agora, em 2024, cerca de nove mil indígenas ocuparam a capital federal para lutar por seus direitos e pela demarcação de Terras Indígenas.

Foram duas marchas com cantorias e pinturas pelas ruas, reivindicando a demarcação de suas terras e dizendo não ao Marco Temporal, porque nossos direitos não se negociam. Houve também um plenário sobre educação escolar indígena, saúde indígena e outros assuntos.

Foi uma honra fazer a cobertura fotográfica durante os dias do ATL, esse evento do qual eu participo desde 2021. 

A câmera é minha ferramenta de luta. Minha primeira formação de audiovisual foi em 2008 pela Vídeo nas Aldeias, uma escola de cinema para povos indígenas. Hoje sou cineasta, diretor de cinema, fotógrafo, comunicador e influencer. 

Uso todo esse conhecimento para registrar as culturas, costumes e danças do meu povo, e para guardar e transmitir às novas gerações a proteção dos nossos territórios, a conscientização sobre mudanças do clima, a preservação do meio ambiente, a luta contra estereótipos sobre povos indígenas e o fortalecimento das lutas das nossas lideranças. Tudo isso para sermos os protagonistas das nossas narrativas.

Eu sou um guerreiro digital. 

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Fique por dentro 

Territórios Casa Comum é o novo especial da Revista Casa Comum, criado durante o Abril Indígena com o objetivo de abrir espaço para que representantes de diferentes povos indígenas contem suas experiências, práticas, costumes, tragam suas perspectivas e pontos de vista, e apontem, em suas próprias palavras, sobre o que é ser indígena no Brasil atualmente. 

O primeiro artigo da série é de autoria de Luciene Kaxinawá, primeira jornalista e apresentadora indígena da TV Brasileira. Leia aqui

Conheça a série completa

APIB divulga pronunciamento 

Com o fim da 20ª edição do ATL na sexta-feira, 26 de abril, a APIB divulgou a Declaração Urgente dos Povos Indígenas do Brasil, com a chamada: Terra, Tempo e Luta. Confira trecho: 

Nós, povos indígenas, somos o próprio tempo. Somos encantadores desse tempo que é como uma serpente, com muitas curvas, uma história que não pode ser simplificada como uma linha reta. Quem poderia imaginar que, após mais de cinco séculos de colonização e extermínio, estaríamos aqui, firmes como nossas florestas, entoando nossos cantos e tocando nossos maracás, em resistência pela vida e pelo bem viver de toda a sociedade. 20 anos de Acampamento Terra Livre! O primeiro, realizado em 2004, reuniu 240 indígenas. Hoje, em Brasília, estamos aqui com cerca de 9 mil pessoas, representando mais de 200 povos, que vieram de todas as regiões e biomas desse território brasileiro para dizer: ‘NOSSO MARCO É ANCESTRAL! SEMPRE ESTIVEMOS AQUI!’

A declaração na íntegra está disponível no site da Apib. Acesse aqui

Outros conteúdos:

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