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Editorial

Publicado em

23/11/2023

Tudo está interligado

Estamos num estágio irreversível de falência como planeta ou há ainda esperança de mudar o quadro emergencial em que nos colocamos? Diante desse questionamento, a Ecologia deve ser vista não como uma agenda de apêndice de nossas prioridades como humanos, mas se revela como elemento central e intrínseco à nossa própria vida e destino. Somos natureza independente das classificações científicas e históricas. Somos uma comunidade de vida, como já apontava a Carta da Terra, em 2000.

É fato que é preciso mudarmos radicalmente a nossa visão: a natureza não pode ser analisada como um elemento estático e fora do que somos. Somos esse elo da biodiversidade da vida. Por isso, é importante assumirmos que somos natureza. O clima afeta o que somos, como o que somos afeta o clima. O destino de outra vida animal ou vegetal afeta nossa existência, porque somos inegavelmente esse elo comunitário de vida.

A premissa franciscana e indígena de que “tudo está interligado” se transforma na máxima mais óbvia e reveladora para nós seres humanos contemporâneos, num contexto de extrema vulnerabilidade ambiental.

Ambientalistas, filósofos, teólogos e cientistas, há dezenas de anos, denunciam que a construção de um projeto de humanidade, sem princípios éticos de alteridade, levaria a vida a patamares de pouca possibilidade de sobrevivência e, possivelmente, à extinção. A situação ecológica drástica e dramática que vivemos é resultado da ação humana.

A atitude humana irracional e ambiciosa se potencializou diante do sistema capitalista, em que a palavra de ordem é consumir, produzir cada vez mais e lucrar. E isso vale mais do que cuidar e preservar. Essa lógica explora e mata as diversas formas de vida sem qualquer preocupação.

A partir da ecologia política, entendemos que essa ação depredatória atinge os nossos variados biomas, assim como os povos que neles vivem. Por isso, a luta pela defesa da floresta em pé, também é uma luta pela defesa da cultura e da vida de diversos grupos e etnias.

Assim, nesta edição, a Revista Casa Comum assume a complexidade de analisar o contexto atual, indo além dos dados alarmantes, e refletindo sobre as raízes desse comportamento depredador do ser humano diante da vida e sua biodiversidade, apontando também caminhos para esperançar.

Temos que construir outros caminhos de produção e consumo. Não dá mais para embarcarmos em ideias sem mudança do estilo de vida para um bem-viver dos povos. Essa é a grande chave: saber a situação em que estamos e a qual chegamos é evidente. Porém precisamos agora nos converter para esse paradigma ecológico, e aprender com outras formas de vida e de organização, que não seja a humana, como nos manter no ciclo da vida, sem colapsar e destinarmo-nos para um caminho irreversível da própria existência.

Fábio Paes
Coordenador da Revista Casa Comum

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