Publicado em
07/12/2023
De caráter ecumênico e inter-religioso, o Mutirão do dia 13 de dezembro é um convite à pluralidade religiosa, cultural e étnica do país pela vida, por terra, teto e trabalho.
Por Karynna Luz
Um marco na trajetória da Semana Social Brasileira (SSB), a 6ª edição é mais uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), coordenada pelas pastorais sociais e movimentos populares do Brasil, que traz como tema Mutirão pela vida por terra, teto e trabalho.
A ação, com duração prevista de 2020 a 2023, visa colocar em prática as diretrizes do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos”, integrando a vivência da fé com a realidade concreta da vida e focando na promoção da dignidade de cada indivíduo e na ação política para a transformação social.
Em sua essência, a Semana se destaca como um espaço para o cultivo comunitário da espiritualidade, envolvendo debates, celebrações e elementos lúdicos regionais que enriquecem a cultura popular.
Assim, o principal objetivo da 6ª SSB é “Articular e mobilizar pessoas de boa vontade, famílias, igrejas, movimentos sociais e a sociedade brasileira, em Mutirão pela vida, construindo o Bem Viver, sem desigualdades, discriminações e preconceitos, assumindo ações concretas para conquista de Terra, Teto e Trabalho para todas as pessoas, especialmente as que estão em situação de vulnerabilidade e pobreza social”, como afirma o material de orientações metodológicas Projeto Popular O Brasil que Queremos: o Bem Viver dos Povos.
O documento também traz uma lista de indicativos para o Brasil que queremos em diferentes temas, como economias e dívidas sociais, soberania e democracia, terra e território, teto/moradia e trabalho.
Os mutirões
Inicialmente com as ações presenciais planejadas para 2020 e 2022, a SSB ampliou seus Mutirões pela Vida até 2023, em razão de desafios impostos pela pandemia de Covid-19 e outros aspectos sociopolíticos.
Com o intuito de sensibilizar e articular forças sociais para novos processos de organização popular, o mutirão do dia 13 de dezembro convida os participantes a aprofundar o conhecimento sobre acúmulos nas áreas de Terra, Teto, Trabalho, Democracia, Soberania e Economia, temas mobilizados pelo papa Francisco nos Encontros com os Movimentos Populares, além de oferecer orientações metodológicas e informações gerais sobre o Mutirão subsequente, de encerramento da 6ª SSB, agendado para março de 2024.
Para participar, realize sua inscrição aqui.
Mutirão nacional
Como forma de encerramento da 6ª SSB, o Mutirão Nacional está marcado para acontecer nos dias 20, 21 e 22 de março de 2024, em Brasília (DF), com o objetivo de aprofundar os acúmulos nas áreas mencionadas, apresentar resultados dos diálogos com Movimentos Sociais e ouvir a partilha das cinco regiões do Brasil sobre a 6ª SSB.
Ao representar a reunião dos esforços realizados em prol do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos”, o Mutirão Nacional consolida as reflexões aprofundadas nas etapas anteriores.
Para orientar a formulação de um Plano de Incidência Nacional (PIPN), existe o Plano de Incidência Política Local (PIPL), que engloba as iniciativas voltadas para mobilizar indivíduos, grupos ou entidades na colaboração para resolver questões socioeconômicas. O objetivo é instigar, persuadir ou, em determinadas circunstâncias, exercer pressão sobre atores e/ou autoridades responsáveis, buscando a implementação de medidas transformadoras diante das violações identificadas.
Na prática, a sugestão é que cada unidade regional da CNBB, incluindo dioceses, prelazias, comunidades e movimentos, elaborem um PIPL que servirá como fonte de inspiração para a elaboração do PIPN. A proposta é enfrentar a estrutura global da economia, que gira em torno da posse privada dos meios de produção e distribuição.
Este cenário é caracterizado pela intensa competição e pela exploração do trabalho e dos recursos naturais e, principalmente em um contexto em que a soberania nacional enfrenta desafios significativos, essas ações representam um alerta e indicam a vulnerabilidade à influência dos interesses do capital internacional, especialmente na exploração de recursos naturais, como petróleo, minérios, águas e florestas.
A participação ativa da sociedade, aliada à democratização do Estado, está intrinsecamente ligada à força de movimentos e organizações populares, como sintetizado no Projeto Brasil Popular.
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