Publicado em
15/08/2024
Vozes em Ação que integra o Em Destaque da 7ª edição da Revista Casa Comum apresenta as histórias de Jaciara Borari e Mikaelle Farias.
Por Beatriz de Oliveira, do Nós, mulheres da periferia
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Jaciara Borari atua pela defesa de seu território e traz à tona a luta das juventudes
Boa parte das atividades de que Jaciara Borari participa em seu dia a dia estão profundamente ligadas ao ativismo ambiental. Aos 28 anos, a jovem indígena do povo Borari, reside em Alter do Chão (PA) e estuda Antropologia na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
Ela integra a Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós, organização que combate a violência contra mulheres indígenas da região, promovendo acolhimento, programas de capacitação e autonomia financeira por meio de oficinas.
A associação conta também com um grupo de carimbó que, por meio da música, ecoa mensagens sobre os direitos dos povos indígenas e a importância do cuidado com os territórios. Jaciara é uma das integrantes do grupo, que já se apresentou em festivais nacionais de música e lançou o álbum “kirībasáwa Yúri Yí-tá – A Força Que Vem Das Águas”, em 2021.
A jovem afirma que não pode precisar exatamente quando passou a se nomear como ativista ambiental, pois a preocupação com o território está sempre presente em toda a sua trajetória. “Desde que me entendo por gente, meu pai e minha mãe faziam essa defesa dos territórios, dos rios, contra a especulação imobiliária. Eu fui aprendendo com eles”, relembra.
Foi por meio da organização Engajamundo que Jaciara aprendeu técnicas de ativismo e compreendeu a importância da participação das juventudes em espaços de tomada de decisões. A organização reúne uma rede de ativistas por todo o país.
“Nós, jovens, não somos levados a sério em vários espaços, mas sabemos que nossa luta é válida, principalmente para que possamos ter um agora e um futuro melhores”, afirma .
Atualmente a ativista está se preparando, juntamente com outros jovens da organização, para participar da COP28, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, que ocorrerá nos Emirados Árabes no fim deste ano. “É importante estar em conferências como essa, porque se não estivermos lá, continuarão falando por nós, sem nós”, pontua.
Crime ambiental despertou Mikaelle Farias para a urgência do ativismo
Em agosto de 2019, apareceram as primeiras manchas de petróleo em praias do nordeste brasileiro, marcando o início do maior crime ambiental causado por vazamento de petróleo da história do país. Nesse momento, Mikaelle Farias, moradora de João Pessoa (PB), despertou para a urgência do ativismo ambiental. “Eu vi o impacto aqui no meu território e isso me chocou muito. Era início do governo Bolsonaro e não houve ação eficaz para mitigar aquele evento”, conta.
Mikaelle iniciou então uma jornada de pesquisa sobre questões ambientais e se aprofundou nos temas das mudanças climáticas e do racismo ambiental. Atuou, por um período, como voluntária do Greenpeace Brasil, organização ambiental, e, logo depois, ingressou no Fridays for Future, movimento mundial de jovens pelo clima, também conhecido como Greve Global pelo Clima.
Sua escolha de cursar a graduação em Engenharia em Energias Renováveis foi guiada pelo ativismo ambiental. “Eu comecei a dar um norte melhor para o que atuava dentro do ativismo, então, hoje minha ação perpassa pelas questões de racismo ambiental e de uma transição energética justa pensando o Nordeste como centro dessas discussões”, diz.
Antes mesmo da educação formal, foi sua avó, membro do povo cigano, quem transmitiu a importância de lutar por uma causa. “Ela me passou muito essa questão de luta e ancestralidade do povo”, pontua.
Lutar contra as mudanças climáticas e presenciar os efeitos do aquecimento global frequentemente gera frustração para a ativista. “Temos que bater de frente com uma cadeia de inúmeros sistemas para conseguir que os avanços de fato aconteçam. Quando a gente bate de frente, isso acaba atravessando muito os nossos corpos. É difícil lidar com as frustrações. Quando voltei da COP27, realizada ano passado no Egito, fiquei meses abalada e tentando me recuperar.”
“Precisamos realmente de uma revolução em todo sistema para que as pessoas despertem para a urgência das mudanças climáticas”, convoca.
Confira outras matérias produzidas pela Revista Casa Comum que destacam iniciativas em que as juventudes brasileiras se engajam em projetos em prol das causas socioambientais:
> O que os jovens ativistas têm a dizer em defesa do meio ambiente: bit.ly/RCC_3_EmPauta1
>> O futuro das juventudes brasileiras em uma carta: bit.ly/RCC_07_28
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