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Publicado em

30/01/2025

Comunicação é assunto de todos, apontam especialistas

4º Diálogos Casa Comum contou com a participação de Paulo Talarico, da Agência Mural e de Bia Barbosa, cofundadora do DiraCom (Direito à Comunicação e Democracia).

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Garantir o direito à comunicação foi a tônica do 4º Diálogos Casa Comum, realizado no dia 29 de janeiro. O evento online foi palco do lançamento da 11ª edição da Revista Casa Comum, que trouxe para a pauta: Comunicação transformadora pelo bem comum. 

Bia Barbosa, jornalista que atua há 25 anos na defesa da liberdade de expressão e cofundadora do DiraCom (Direito à Comunicação e Democracia) e Paulo Talarico, diretor de treinamento e dados da Agência Mural, compartilharam suas experiências e enfatizaram que a comunicação é um direito fundamental e, portanto, deve ser defendido da mesma forma que a saúde, a educação e a moradia. 

Assim, a dupla pontuou que comunicar não é um assunto apenas de jornalistas ou comunicadores populares, mas de toda a população, independente de sua ocupação, uma vez que ter acesso à informação de qualidade, poder se expressar e ter sua voz ouvida e participar do debate público  são essenciais em sociedades democráticas. 

Confira a seguir alguns dos temas debatidos durante o encontro:

Com uma trajetória de 25 anos na defesa da liberdade de expressão, Bia Barbosa compartilhou um pouco sobre o próprio conceito e como evitar sua deturpação. 

A liberdade de expressão está prevista como um direito fundamental no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que, em 2025, completa 77 anos. Para a jornalista, um aspecto fundamental é considerar o que o conceito significava há 77 anos e o que significa hoje, com os instrumentos atuais utilizados na comunicação, como a internet. 

A ideia, portanto, é a garantia da liberdade de expressão para todos e negar abusos, quando como, por exemplo, o conceito é usado para propagar discursos de ódio. Nesse contexto, a desinformação pode ser vista como uma forma de abuso da liberdade de expressão e como um meio de violar outros direitos. “O abuso da liberdade de expressão também silencia vozes. Quem é vítima de discurso de ódio sai das redes sociais. Não à toa, vários grupos deixaram de participar da plataforma X [antigo Twitter], por mudanças na política da plataforma.” 

O grande desafio, no ponto de vista de Bia, é como estabelecer limites da liberdade de expressão, para que esse direito esteja em consonância com outros, como os direitos das crianças e adolescentes, da população negra, de pessoas LGBTQIAPN+, entre outros grupos. 

“O direito à comunicação vai além da liberdade de expressão de cada um, mas fala da importância da esfera pública midiática, desse ambiente ser plural e diverso, ser um espaço de exercício de direito, que a diversidade de opiniões, vozes e etnias que compõem a nossa sociedade possam ter essa liberdade. Não basta garantir o direito à internet. Precisamos garantir que ela seja acessível e diversa”, pontuou. 

A jornalista também refletiu que, se hoje ainda não vivemos um contexto de democracia plena e assegurada, é necessário reafirmar a relação do Estado Democrático de Direito com a comunicação. “Numa sociedade em que as diversidades não podem se expressar nos espaços midiáticos, a democracia estará sempre capenga. Afinal, quem tem direito à voz na democracia tem poder.” 

Paulo usou sua fala inicial para ecoar algumas colocações de Bia, como o fato de que a internet possibilitou que muitas iniciativas e organizações de produção de notícias, comunicação e conteúdo nascessem. Entretanto, o contexto envolve complexidades sobre como o conteúdo chega e para quem chega. 

Na posição de diretor de treinamento e dados da Agência Mural, ele defendeu que ainda falta cobertura noticiosa que fuja da ideia de que periferias são lugares exclusivamente violentos que precisam de salvadores.

“As periferias têm sua própria atuação e isso aparece muito nas organizações nascidas e que atuam nesses locais. O jornalismo local tem um papel fundamental para consolidar e pensar a democracia, além de combater a desinformação”, comentou. 

Paulo também dividiu com o público que acompanhava a live sobre um dos projetos da Agência Mural, o Clube da Mural, que se dedica ao contato com escolas e conversas com estudantes sobre o consumo da comunicação. “Nós perguntamos ‘vocês consomem notícias?’ E dá até uma estranheza, pois muitos nem sabem o que é notícia. Aí vamos esmiuçando: ‘vocês assistem TV? Escutam o rádio? Veem notícias no Instagram?’. Muitos jovens já estão nesse processo de consumo nas redes sociais e tiveram pouco acesso à informações sobre os riscos e problemas e como se precaver desses perigos”, alertou. 

Parte do debate também foi destinada a debater a importância crescente de iniciativas, projetos, ações e atividades de educação midiática nas escolas. 

Apesar de julgar um movimento necessário, Paulo alertou para os perigos de sobrecarregar professores já incumbidos de outras disciplinas. O representante da Agência Mural sinalizou a possibilidade da criação de uma disciplina ou até mesmo a divisão de responsabilidade entre diferentes educadores. 

Nesse momento, algumas pessoas que acompanhavam a transmissão citaram a Trilha de Saberes como instrumento importante que auxilia na aplicação e compartilhamento dos conteúdos da Revista Casa Comum em diferentes espaços, inclusive com estudantes. Nesta edição, o roteiro formativo tem como tema a construção de melhores ecossistemas comunicativos e, como atividade final, propõe a criação de uma iniciativa de comunicação comunitária para mobilização local. 

O debate também contou com outros temas e assuntos importantes, como as recentes polêmicas envolvendo a regulamentação de plataformas e a valorização de conhecimentos e tecnologias produzidos no sul global, como, por exemplo, a inteligência artificial para enfrentar epidemias em países tropicais. 

Bia citou, ainda, a necessidade de políticas públicas de proteção a comunicadores(as). 

“Precisamos de políticas públicas para proteger o ecossistema informacional em sua diversidade. O programa de proteção ainda é muito pouco conhecido dos comunicadores. Temos também um Observatório de Violência contra Jornalistas e Comunicadores Sociais, que foi criado na tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, mas que ainda não conseguiu se estabelecer. No Brasil, a gente não consegue superar a violência histórica que comunicadores e jornalistas sofrem. O ambiente digital também é muito violento a esses profissionais, principalmente às mulheres. E a violência digital contra jornalistas e comunicadores também silencia vozes. Precisamos de políticas públicas para proteger as pessoas que fazem comunicação.” 

Tudo isso está disponível no 4º Diálogos Casa Comum. 

Assista, compartilhe e navegue pela 11ª edição da Revista Casa Comum neste link

A Trilha de Saberes também já está disponível, com sugestões de atividades práticas para debater a construção de melhores ecossistemas comunicativos. Confira


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