Publicado em
24/05/2024
Revista Casa Comum celebra aniversário da Carta Encíclica que pauta debate sobre a problemática climática e que inspira a produção de conteúdo da revista.
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“Francisco é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade. É o santo padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia, amado também por muitos que não são cristãos”.
Não é por acaso que Jorge Mario Bergoglio, ao assumir o mais alto posto da Igreja Católica, escolheu o nome ‘Francisco’. Ao seguir os ensinamentos de São Francisco de Assis, Papa Francisco tomou para si a defesa da Mãe Terra e toda a problemática ecológica.
A passagem acima, inclusive, integra a Carta Encíclica Laudato Si’, que, neste 24 de maio, completa nove anos de sua publicação, em maio de 2015.
Mais do que endereçada a fiéis da Igreja Católica, Papa Francisco afirma, em diversas passagens da Carta, que o texto destina-se a “todas as pessoas de boa vontade” e “a cada pessoa que habita neste planeta”, reforçando a importância de que cada indivíduo desenvolva ações – sejam individuais ou coletivas – em prol da proteção da Terra.
Temáticas
Com o chamado “Sobre o cuidado da Casa Comum”, o documento é dividido em seis capítulos: O que está a acontecer à nossa casa; O evangelho da criação; A raiz humana da crise ecológica; Uma ecologia integral; Algumas linhas de orientação e acção; e Educação e espiritualidade ecológicas.
As temáticas trabalhadas ajudam a estabelecer um percurso de compreensão sobre os desafios climáticos, com um capítulo inteiramente dedicado à análise da raíz humana da crise ecológica. Papa Francisco analisa, por exemplo, que as ações humanas estão, atualmente, tão rápidas que não condizem com a lentidão natural da evolução biológica.
Ao mesmo tempo que afirma notar, em uma parte da sociedade, “uma crescente sensibilidade relativamente ao meio ambiente e ao cuidado da natureza, e uma sincera e sentida preocupação pelo que está a acontecer ao nosso planeta”, problematiza a quantidade de poder que parte da humanidade detém atualmente, sem garantias de que tamanho poder será usado para o bem, “sobretudo se se considera a maneira como o está a fazer. Basta lembrar as bombas atómicas lançadas em pleno século XX, bem como a grande exibição de tecnologia ostentada pelo nazismo, o comunismo e outros regimes totalitários […].”
O pontífice também destina outro capítulo à chamada ecologia integral, que inclui dimensões humanas e sociais. Ao compreender que tudo está conectado, Papa Francisco nega que existem crises separadas, uma crise social e outra crise ambiental, mas uma crise sócio-ambiental. Segundo o Santo Padre, “As directrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.”
A ideia de bem comum também tem destaque na Encíclica. Ao passo que toda a sociedade tem obrigação de defender e promover o bem comum, a sociedade mundial de hoje depara-se com cada vez mais desigualdades e pessoas privadas de direitos humanos fundamentais.
Seminário sobre mudanças climáticas
Entre 15 e 17 de maio, as Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais do Vaticano promoveram um seminário, na sede da Igreja Católica, em Roma, na Itália, sobre o tema “Da crise climática à resiliência climática”.
A 9ª edição da Revista Casa Comum – que será lançada em junho – pauta “O direito ao Bem Viver nas cidades”, e analisa a complexidade de debater a garantia de direitos diante de tamanha diversidade entre os mais de 5 mil municípios que compõem o Brasil. Os entrevistados da edição reforçaram, entretanto, que a pauta socioambiental é um aspecto fundamental para pensar a garantia de direitos e o Bem Viver das pessoas, o que perpassa por moradias de qualidade, acesso a áreas verdes e de lazer, acesso a alimentação saudável e nutritiva a preços justos, cuidado com a saúde física e mental, entre muitos outros aspectos.
Durante o seminário no Vaticano, Papa Francisco pautou diferentes temáticas que se materializam no contexto das cidades, como o fato de que são as pessoas mais pobres que sofrem com as mudanças climáticas – mesmo que sejam os que menos contribuíram para o contexto climático atual -; o fato de que crianças, em razão de sua idade, estão ainda mais suscetíveis aos efeitos das mudanças climáticas; a poluição do ar que prejudica incontáveis vidas ao redor do mundo; a importância de preservar riquezas como bacias hidrográficas, entre outros temas.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, foi um dos participantes do Seminário, juntamente a líderes de outras cidades globais, reconhecendo o papel de grandes municípios em assumir a liderança pelo exemplo, pautar, debater e reforçar a urgência de ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
Saiba mais sobre o evento no site do Vaticano, aqui.
Inspiração para a Revista Casa Comum
Criada em 2022, a Revista Casa Comum, uma iniciativa de comunicação do Sefras – Ação Social Franciscana, com coordenação editorial do Estúdio Cais – Projetos de Interesse Público, inspira-se nos ensinamentos e passagens trazidos pela Laudato Si’, documento que tornou-se referência para o debate sobre ecologia e mudanças climáticas.
A Revista tem como base o valor franciscano do diálogo para a construção de conteúdos sobre a agenda socioambiental brasileira, articulando e convergindo ações agendas de incidência política de organizações, coalizões, movimentos, coletivos e redes.
Além do próprio nome Casa Comum, a revista carrega consigo a máxima “Cuidar de si, do outro e do planeta”, reforçando que é dever de todos zelar pela Terra que habitamos, há muito maltratada e indiscriminadamente explorada pelos seres humanos.
O imperativo do Papa Francisco é para que o ser humano se reposicione ao lado das demais criaturas para louvar a Deus na construção de um novo futuro comum.
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