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Na Prática

Publicado em

17/09/2024

O poder das microrrevoluções para fazer a diferença na prática

Como pequenas ações, no dia a dia, feitas por muitas pessoas para levar uma vida mais sustentável e com menos impacto, têm o potencial de gerar transformação em larga escala.

Por Mariana Moraes, do Verdes Marias*

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Barreira feita com garrafas PET. Foto: Diego Saldanha

Diego Saldanha, ex-vendedor de frutas, mora na região metropolitana de Curitiba, no Paraná, e percebeu que o rio Atuba, onde nadava desde muito jovem, estava poluído. Ao invés de deixar o problema para as autoridades, que talvez nada fariam, decidiu agir. Passou a limpar o rio diariamente criando uma barreira de garrafas pet, que hoje evita que a poluição do rio passe adiante, desviando muito lixo que iria parar em rios maiores – e até mesmo nas Cataratas do Iguaçu.

Já Gabriele Kull é uma jornalista que mora na península de Maraú, na Bahia, e decidiu levar uma vida com menos impacto. Então, ela evita adquirir coisas com plástico, sempre separa adequadamente seu lixo para reciclagem e faz compostagem de todo o seu resíduo orgânico.

O que ambos têm em comum? As microrrevoluções: pequenas atitudes que qualquer pessoa pode tomar, no dia a dia, para levar uma vida mais sustentável e com menos impacto no planeta e que, quando feitas por muita gente, têm o potencial de gerar transformação em larga escala. O Papa Francisco traz a importância delas em sua Carta Encíclica Laudato Si’ (70-71):

Assim, quando falamos de mudanças climáticas e da importância de cuidarmos da nossa Casa Comum, as ações individuais são especialmente importantes porque todas as atitudes humanas têm algum tipo de impacto. Segundo estudo da The Harvard Law & Policy Review (disponível em inglês em: bit.ly/RCC_10_25), “a ação individual coletiva tem sido fundamental para o sucesso de todos os movimentos sociais ao longo do último século, e sua importância para o movimento ambiental não deve ser desconsiderada.”

Processo de compostagem. Criação: Verdes Marias

O interessante de adotar microrrevoluções na rotina é o fato de que elas podem ser diversas e de diferentes níveis, desde aquelas de mais alto impacto no nível individual: como trocar o carro pela bicicleta ou não viajar mais de avião (já que a emissão de carbono desse transporte é alta); até aquelas mais simples: como optar por comprar de produtores do território, priorizando alimentos da região; evitar o uso de plástico de uso único, como canudinhos e copos descartáveis; diminuir o consumo de carne vermelha; ou priorizar comprar roupas de segunda mão em brechós.

É possível também olhar para aspectos que abrangem a humanidade, como o lixo. Grande parte do que é atualmente enviado para aterros e lixões poderia ser reciclado e quase 50% do lixo são restos de comidas, cascas, sementes e folhas, que poderiam ser compostadas.

Comida não é lixo e toda a matéria orgânica pode ser devolvida para a terra e se transformar em adubo. A compostagem nada mais é do que dar as condições para a comida se decompor. E o mais interessante é que pode ser feita em casa, por qualquer pessoa. Minhocas fazem o trabalho de transformar tudo em adubo em um prazo de normalmente um mês.

Fazer os próprios produtos é outro bom exemplo de microrrevolução. A indústria e as propagandas incentivam as pessoas a comprarem muitos produtos diferentes para a casa, porém grande parte deles têm ingredientes tóxicos para os indivíduos e o meio ambiente. O que não se fala é que é possível simplificar muitos desses produtos com um multiúso que pode ser utilizado em toda a casa e feito pelos próprios moradores.

Com isso, há uma economia de dinheiro, com menos ingredientes desnecessários que podem gerar alergias, além de ser uma forma de garantir que não haverá desperdícios, uma vez que cada pessoa pode fazer exatamente a quantidade de que precisa. Claro que é menos prático do que comprar um produto pronto, mas, quando inserido na rotina mensal, pode rapidamente demandar menos do que se imagina.

Quantas vezes não fazemos uma compra pequena no supermercado e pedimos a sacola, sendo que poderíamos tranquilamente levar um ou dois itens na mão? Cada pessoa que diminui o uso de sacolas plásticas, evita embalagens e recicla seu lixo pode inspirar e influenciar positivamente vizinhos, familiares e amigos. Muitos indivíduos comentam que não sabem por onde começar. Ter um exemplo a seguir ajuda o processo.

Para pais, mães e educadores, é interessante trazer desde cedo o tema para o dia a dia das crianças, falando sobre a importância da Natureza e como somos parte dela. Existem muitos conteúdos disponíveis que vão nesse sentido, como o Contos da Capivara, um podcast de contos inéditos escritos por autores nacionais sobre temas socioambientais (acesse em: bit.ly/RCC_10_27).

Estar cada vez mais informado sobre o que fazemos e o impacto de nossas atitudes nos ajuda, também, a entender que temos um papel no mundo e que podemos, sim, escolher nossos passos.

No entanto, é importante salientar que os grandes problemas que enfrentamos no mundo, como o aquecimento do planeta, são desafios complexos que exigem um conjunto de ações para resolver. Cada pessoa, individualmente, não tem o poder de gerar mudanças como empresas e governos, mas, por trás de cada negócio ou de todo cargo público, temos pessoas que podem ser impactadas individualmente e influenciar mudanças coletivas.

Como fazer:

Rale a barra de sabão, misture com a água e aqueça em fogo médio até o sabão derreter. Acrescente o álcool e o bicarbonato e espere gerar umas pequenas bolhas na água. Deixe esfriar e acrescente cerca de 15 gotas de óleo essencial. Despeje, com a ajuda de um funil, na jarra e pronto!


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