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Decoloniza

Publicado em

10/05/2023

#Decoloniza, uma série especial em parceria com a Afroeducação

Série #Decoloniza traz reflexões sobre diferentes maneiras de de(s)colonizar o mundo.
Apresentação por Paola Prandini, co-fundadora da Afroeducação e curadora da série #Decoloniza (paola@afroeducacao.com.br)

Já está no ar a nova série #Decoloniza, especial da Revista Casa Comum em parceria com a Afroeducação. A série pretende ser um espaço para a promoção de reflexões e de diálogos importantíssimos acerca das mais diferentes maneiras de de(s)colonizar o mundo em que vivemos, com especial atenção para o continente-mãe, África, e as diásporas africanas, como é o caso do Brasil (considerada a maior do mundo). 

Para abrir com chave de ouro essa super parceria, o primeiro texto apresentado é de autoria da pensadora contemporânea afro-portuguesa, Raquel Lima, que nos brinda com uma incursão acadêmica que fez em São Tomé e Príncipe, país onde vive atualmente. Afinal, para decolonizar, é essencial pedir licença e honrar os conhecimentos presentes em África, berço da humanidade. 

Além disso, é igualmente importante descolonizar nossas formas de ser e de estar em sociedade. Isso pressupõe escuta ativa e sensível a todas as pessoas que, originárias do continente-mãe ou da diáspora, têm muito a dizer e, em razão das feridas coloniais – ainda entreabertas -, permanentemente, correm o risco de serem silenciadas. 

Vale ressaltar que os conceitos de “decolonização” e “descolonização” são diferentes. O primeiro diz respeito à valorização das contribuições que já eram realizadas antes mesmo dos processos coloniais impingidos pelo mundo, uma vez que os povos originários – de origens ameríndia e africana – possuíam sabedorias e conhecimentos que seguem vivos entre nós até os dias de hoje. Já o segundo termo é restrito à ideia – igualmente necessária – de descolonizar sociedades e cosmovisões após as conquistas das independências globo afora.

Dessa forma, nesta comunidade de trocas, nos responsabilizamos por somar ao combate ao epistemicídio, aos racismos estrutural e institucional, à xenofobia e a qualquer outro tipo de discriminação. A branquitude e as normas eurocêntrica e patriarcal não terão vez ou voz por aqui, mas, outrossim, serão alvo de discussão afetuosa e crítica, para que, juntas, juntos e juntes, possamos nos conhecer melhor e nos tornarmos mais fortes. 

Para isso, no mês em que se reflete sobre o dia 13 de Maio, data em que foi assinada a historicamente intitulada abolição da escravatura, nada melhor do que nos abrirmos a conhecer mais sobre um pedacinho do continente de onde – por mais de 350 anos – milhares de pessoas africanas foram sequestradas, para serem escravizadas no Brasil. “A luta continua”, como dizia o líder revolucionário moçambicano Samora Machel, e nós fazemos parte dela. Bora lá? 

Os vestígios de violência do colonialismo e da escravatura continuam presentes na memória de pessoas outrora escravizadas e na pós memória de seus e suas descendentes.

Uma das formas para analisarmos essa presença é a oratura – conceito criado pelo linguista ugandês Pio Zirimu, nos anos 60 – um “vasto campo do conhecimento em que a informação e as mensagens culturais são transmitidas verbalmente de uma geração para a seguinte.

Uma das urgências de processos decoloniais e decolonizadores é o estabelecimento da crítica à branquitude: hegemonia social que se assenta nos valores coloniais.

A branquitude nos foi historicamente imposta e disseminada por populações brancas – principalmente europeias -, como parte de contínuas invasões territoriais em países do Sul Global e por meio da partilha de cosmovisões brancocentradas resultantes de um passado colonial não muito distante.

Julho é o mês em que se celebram o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, sancionados pela Lei nº 12.987/2014, e aproveitamos para refletir sobre a importância de “decolonizar” a educação por meio de práticas que visem a equidade étnico-racial e de gênero.

Com isso, é essencial que as posições das mulheres negras na sociedade brasileira possam, então, ser tema de trabalhos interdisciplinares engajados.

Agosto marcou os dez anos do Estatuto da Juventude, documento fundamental que assegura em lei uma série de direitos às múltiplas juventudes brasileiras, como os direitos de criação e expressão de vivências.

Para que os(as) jovens sejam críticos(as), é fundamental promover um processo de decolonizar as subjetividades, etapa essencial para a retomada do controle do saber, ser e poder, sem amarras dos padrões colonizadores.

Considerando que o cristianismo, em solo africano, é anterior aos processos de colonização, o argumento que enxerga contradição em se ser africano e cristão é impregnado de uma lógica colonial

Nesse contexto, é necessário percorrer por um pensamento decolonial, onde o signo africano não se constitua num elemento antagônico do cristianismo e vice-versa.

A atual sociedade adultocêntrica precisa descolonizar o olhar sobre as crianças, compreendendo que são sujeitas de direitos e que é fundamental escutá-las em sua diversidade de ser e estar no mundo.

Enquanto pesquisadoras incansáveis sempre dispostas a descobrir o mundo, crianças devem ter sua curiosidade incentivada, possibilitando sua vivência que exercita a humanidade.

As alterações ambientais causadas pela exclusão social e pelo uso insustentável de recursos naturais são uma preocupação real e imediata, e ações a todos os níveis são cruciais para minimizar as desigualdades, rumo a um futuro de respeito pelo ser humano, pela natureza e em prol da sustentabilidade.

Isso significa demandar uma abordagem sinérgica, com esforços combinados entre governos, indústrias, pesquisadores(as) e comunidades.

O trauma colonial é o tema do oitavo artigo da série Decoloniza.

Em Luanda, na Angola, há toda uma geração que não teve a oportunidade de vivenciar a transmissão de conhecimentos sobre a história, língua e cultura de seu povo, seja no ambiente familiar ou na sociedade em geral.

É nesse contexto que os mais jovens encontram na arte e na intelectualidade possibilidades de diálogo e elaboração de ações decoloniais.

Novo artigo da série Decoloniza discute a importância de uma perspectiva decolonial sobre cabelos, em especial de mulheres negras.

Em virtude de o cabelo crespo ser, reconhecidamente, um traço fenotípico de ancestralidade negra, as mulheres negras, após a transição, têm sua negritude evidenciada, independentemente do motivo para o início da transição. Contudo, a mulher negra não se resume ao seu cabelo. Nenhuma pessoa pode ser reduzida a ser apenas o produto de uma opressão.

Às vésperas do Dia da África, marcado pelo 25 de maio, a Revista Casa Comum revisita o propósito da série #Decoloniza e lança seu novo artigo.

Assinado por Gabriela Imelk, produtora cultural e poetisa, o texto traz uma reflexão sobre como a ampla percepção dos povos originários sobre a natureza comprova que ser humano e natureza são indissociáveis, sendo a harmonia entre eles a única proposta sustentável possível.

Num país onde as cicatrizes do colonialismo ainda estão visíveis, seja nos monumentos, nas políticas ou nas desigualdades sociais, André Soares, mestre em antropologia, conta sobre a performance artística “Caminhando sobre Brasões”, realizada no Jardim do Império, em Lisboa, Portugal.

A iniciativa coloca em evidência a necessidade de desconstruir os símbolos e as estruturas que perpetuam a colonialidade e o racismo na sociedade portuguesa.

Publicada no Dia Nacional de Combate ao racismo – 18/11 – a reflexão de Tiely Santos, ator, dançarino, fotógrafo, rapper e escritor, traz um panorama das intersecções entre raça, gênero, sexualidade e cultura, refletindo sobre a importância de resgatar e valorizar identidades em uma sociedade que ainda perpetua profundas desigualdades.

Ele compartilha sua própria trajetória para reforçar a necessidade de ações coletivas baseadas em educação, cultura e diálogo.

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